Condições Envolvidas na Realização de Traqueostomia em Pacientes Internados em UTI

17 de janeiro de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa as condições envolvidas na realização de traqueostomia em pacientes em ventilação mecânica, internados em UTI.


A traqueostomia (TQT) é o procedimento cirúrgico mais comum em unidades de terapia intensiva (UTI). Este procedimento não apenas fornece vias aéreas estáveis e facilita o desmame pulmonar do respirador, mas também diminui a lesão laríngea decorrente da intubação endotraqueal e melhora o conforto do paciente e as atividades de vida diárias. Gera inúmeras mudanças para o paciente: em sua dinâmica respiratória, em seu comportamento e relacionamento interpessoal e em seu cuidado pessoal.

Condições Envolvidas na Realização de Traqueostomia em Pacientes Internados em UTI

Condições Envolvidas na Realização de Traqueostomia em Pacientes Internados em UTI. Foto: Divulgação.

Trata-se de um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos, com relatos em livros de medicina hindu nos anos 1500 a.C. Historicamente, foi desenvolvida para promover a desobstrução das vias aéreas. Em 1850 na Europa, com a epidemia de difteria, tornou-se popular na prática médica.

É realizada com muita frequência no tratamento de insuficiência respiratória, sendo que na maioria das vezes é indicada para pacientes com obstrução de vias aéreas superiores, trauma traqueal, manuseio de portadores de desmame ventilatório difícil e para facilitar a higiene das vias aéreas através da liberação de secreções traqueobrônquicas excessivas.

Complicações da traqueostomia

As principais complicações da TQT incluem obstrução, decanulação acidental, sangramento, enfisema subcutâneo, pneumotórax, pneumomediastino, granuloma, traqueomalácia, infecção, colapso supra esternal, fístula e estenose.

Com relação ao dispositivo utilizado na confecção das cânulas de TQT, pode-se classifica-los em dois grandes grupos: as cânulas metálicas e as plásticas. As cânulas metálicas podem ser de aço inox ou banhadas em prata. As cânulas plásticas são comumente feitas de silicone ou PVC (policloreto de vinil), mais leves e com menor custo.

A pessoa submetida à TQT demanda um atendimento complexo e multiprofissional, sendo necessária a integração entre os vários profissionais da saúde.

Sobre o “desmame” da TQT ou decanulação, não há consenso, na literatura, sobre os indicadores para a decanulação, sendo utilizados critérios de indicação e sucesso baseados na experiência clínica, na rotina de alguns serviços, nos relatos de experiências de profissionais e em protocolos elaborados pelas equipes.

Decanulação da traqueostomia

O período de decanulação da TQT ocorre quando o paciente passa da situação de dependência da TQT para uma situação de independência, uma vez que as vias aéreas superiores apresentam condições respiratórias adequadas, com pouco ou nenhum suporte necessário. Na maioria das vezes, os profissionais que tomam a decisão do processo de decanulação são os fisioterapeutas, após consenso de uma equipe multidisciplinar, onde todos os membros da equipe são fundamentais nesse processo. Porém, não existe um consenso sobre qual a melhor forma e mais segura de realizar o procedimento.

Apesar de vários estudos indicarem os benefícios da TQT em pacientes críticos, o momento mais adequado para a sua realização ainda é controverso. A ventilação mecânica durante longo prazo é a situação mais comum para a qual a TQT seja indicada, para pacientes em UTI. Podem ser realizadas TQT precoces e tardias. A TQT deve ocorrer assim que a necessidade de intubação prolongada (maior que 14 dias) for identificada. No entanto, a previsão precisa dessa duração permanece indefinida. O momento de quando realizar uma TQT continua sendo individualizado. O paciente com TQT necessita de monitorização apurada e de cuidados específicos. No entanto, observa-se que na literatura nacional, ainda são escassos os trabalhos sobre TQT. Não foram encontrados protocolos de enfermagem publicados em periódicos brasileiros direcionados ao paciente com TQT.

Se o momento de quando realizar uma traqueostomia continua a ser individualizado, questiona-se: porque alguns pacientes em ventilação mecânica necessitam ser traqueostomizados e outros não? Assim, este estudo tem como objetivo analisar as condições envolvidas na necessidade de realização de TQT em pacientes internados em uma UTI de hospital privado.

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