Condições de Trabalho e Fazer Em Enfermagem

24 de abril de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa a percepção e a interferência das condições de trabalho no cotidiano do enfermeiro em um hospital público.


Os hospitais brasileiros têm se reestruturado nos  últimos  anos  face  às  pressões  financeiras  e  a   complexidade   dos   recursos   organizacionais.   Por  isso,  têm  buscado  revisar  sua  filosofia, seus  modelos  organizacionais  e  gerenciais  e,  ainda,  seu  relacionamento  com  os  clientes  internos  e  externos.
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Foto: Divulgação

Diante    deste    contexto,    identificamos    na  cidade  de  Belo  Horizonte  uma  instituição  hospitalar de grande porte vivenciando mudanças nos quadros gerenciais e na reestruturação de seu organograma,  com  a  inserção  de  um  grupo  de  gerentes  para  cada  unidade  administrativa.  Esta  equipe está constituída por três profissionais: um administrativo,  um  enfermeiro  e  um  médico,  responsáveis   pelas   questões   administrativas   e   utilização de ferramentas gerenciais com foco na qualidade  da  assistência  prestada.  A  presença  do  enfermeiro  na  gerência  intermediária  de  várias  unidades  é  algo  inédito  na  instituição  citada,  sendo  que  os  demais  enfermeiros  continuam  assumindo   as   atividades   de   coordenação   das   equipes  de  enfermagem  na  assistência  direta  ao  cliente.
Simultaneamente,  a  instituição  hospitalar  encontra-se   em   processo   de   reforma   de   sua   área  física,  hoje  deteriorada  e  com  problemas  estruturais,   tendo   sido   necessária   a   redução  temporária de leitos disponíveis para internação.
Tais  mudanças  requerem  dos  profissionais  de  saúde  o  desenvolvimento  de  competências  diferenciadas,  novos  requisitos  de  qualificação,  novos   perfis,   comportamentos   e   habilidades  capazes  de  garantir  a  eficiência  para  alcance  dos  resultados pré-estabelecidos.
Vivenciando todas estas mudanças encontram-se os usuários/clientes externos e internos – os próprios profissionais da instituição – com suas necessidades, insatisfações, ansiedades, angústias e incertezas.
A  enfermagem  em  seu  percurso  histórico  vem   se   adaptando   às   mudanças   geradas   pela   organização do trabalho.
A     incorporação     de     atividades     de     supervisão,   previsão,   provisão   e   organização   de  recursos  humanos  e  materiais  associados  ao  controle  gerencial  é  evidenciada  no  trabalho  em  enfermagem.    Consequentemente,    houve    um    distanciamento do papel assistencial ao cliente.
As   mudanças   nos   modelos   de   gestão   e   organização   do   trabalho   de   enfermagem   atual   versam   sobre   cuidados   integrais,   gestão   participativa,  trabalho  em  equipe  e  educação  no  trabalho.
Os  diversos  modos  e  métodos  de  gestão  influenciam   não   somente   a   organização   do   trabalho,  mas  também  a  saúde  e  a  segurança  do  trabalho.
A    especificidade    do    ambiente    e    das    tarefas   executadas   tem   sido   apontada   como   fator  desencadeador  de  condições  inadequadas  de   trabalho   na   Enfermagem,   que   incluem  desgaste  físico  e  emocional,  baixa  remuneração  e  desprestígio  social,  contribuindo  para  a  baixa  qualidade da assistência.
Os  avanços  tecnológicos  das  instituições  hospitalares  também  têm  gerado  sobrecargas  de  tarefas, precária organização do trabalho, utilização ou  subutilização  dos  equipamentos  de  proteção  individual (EPIs) e a escassez de investimentos em capacitação. Sendo esta essencial, tanto para um ótimo  desempenho  técnico  como  para  assegurar  condições de trabalho livre de riscos.
Quando  o  cotidiano  do  trabalhador  de  enfermagem  encontra-se  permeado  por  precárias  condições  relacionadas  ao  vínculo,  à  extensão  de   jornada   e   à   (des)qualidade   da   assistência  prestada,  percebe-se  a  insatisfação  e  rompimento  do  processo  de  trabalho.  Para  alguns  autores  a  saúde  ou  o  adoecimento  são  influenciados  pelas  particularidades e complexidades do serviço.
A  enfermagem  é  uma  profissão  que  tem  como  objeto  de  trabalho  o  cuidar.  Mas,  para  desempenhar seu papel, o profissional enfermeiro envolve-se   em   uma   variedade   de   atividades.  Objetivando organizar seu processo de trabalho e    prestar    uma    assistência    de    enfermagem    individualizada e qualidade, o Conselho Federal de Enfermagem tornou obrigatória a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)   nas   instituições   onde   o   enfermeiro   presta   assistência   à   saúde   do   indivíduo   ou   comunidade.
Ao  utilizar  essa  metodologia,  o  enfermeiro  torna-se responsável pela sua prática profissional e passa a utilizar os conhecimentos da administração para  organizar/sistematizar  a  ações  em  prol  do  cliente.
Segundo   o   mesmo   autor,   a   prática   de   enfermagem   está   dividida   em   atividades   administrativas  e  assistenciais,  sendo  esta  última  desenvolvida em menor proporção. A justificativa está na falta de tempo e na sobrecarga de trabalho.
Isto  posto,  torna-se  relevante  identificar  a  influência das condições de trabalho na qualidade da assistência de enfermagem prestada ao cliente, fator que estimulou a presente investigação.
Diante  do  exposto  objetivou-se  analisar  a  percepção  e  a  interferência  das  condições  de  trabalho  no  cotidiano  do  enfermeiro  em  um  hospital público de Belo Horizonte (MG).
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