Diretrizes de Atenção à Gestante a Operação Cesariana

26 de junho de 2020 por filipesoaresImprimir Imprimir

Orientações e recomendações baseadas em evidências científicas sobre importantes questões relacionadas à operação cesariana.


O Brasil vive uma epidemia de operações cesarianas, com aproximadamente 1,6 milhão de operações cesarianas realizadas a cada ano. Nas últimas décadas, a taxa nacional de operações cesarianas tem aumentado progressivamente, e a operação cesariana tornou-se o modo mais comum de nascimento no País. A taxa de operação cesariana no Brasil está ao redor de 56%, havendo uma diferença significativa entre os serviços públicos de saúde (40%) e os serviços privados de saúde (85%).

Cesariana

Diretrizes de Atenção à Gestante a Operação Cesariana.

Em condições ideais, a operação cesariana é uma cirurgia segura e com baixa frequência de complicações graves. Além disso, quando realizada em decorrência de razões médicas, a operação cesariana é efetiva na redução da mortalidade materna e perinatal. Entretanto, é frequentemente utilizada de forma desnecessária, sem razões médicas que possam justificar as altas taxas observadas no Brasil. É importante salientar que o conjunto de evidências científicas que abordam a operação cesariana programada em relação com a tentativa de parto vaginal é de baixa qualidade, não permitindo afirmar com clareza benefícios e riscos para mulheres que não precisem daquela intervenção cirúrgica.

Cesariana e saúde da mulher

Estudos recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que taxas populacionais de operação cesariana superiores a 10% não contribuem para a redução da mortalidade materna. Perinatal ou neonatal. Entretanto. Em que pese o fato de que taxas tão baixas quanto 9% a 16% sejam possíveis e seguras em determinadas populações. O mesmo pode não ser verdadeiro em populações com características diferentes. Deve-se salientar que diversos fatores podem influenciar a taxa de operações cesarianas. Fazendo com que taxas mais baixas possam não ser factíveis em um prazo curto. Alguns desses fatores são individuais (por exemplo, as características demográficas, clínicas e obstétricas das mulheres). Outros são de ordem estrutural ou sistêmica (por exemplo, o modelo de atenção obstétrica) e há aqueles possivelmente mais subjetivos, como as preferências dos profissionais da saúde e das mulheres.

Considerando que as características individuais das mulheres e da gestação podem influenciar de maneira independente a taxa de operação cesariana (por exemplo, paridade, operação cesariana prévia, apresentação fetal e modo de início do trabalho de parto, entre outras características). A OMS desenvolveu uma ferramenta para gerar uma referência adaptada às características da população obstétrica. Essa ferramenta foi desenvolvida e validada com mais de 10 milhões de nascimentos em 43 países (incluindo o Brasil). A aplicação desse modelo aos dados da Pesquisa Nascer no Brasil possibilita a identificação de uma taxa que poderia ser considerada como de referência para a população brasileira, situando-se entre 25% e 30%.

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