Brasil Está Sentado Em Bomba Relógio, Diz Especialista Sobre Febre Amarela

8 de fevereiro de 2017 por filipesoaresImprimir Imprimir


O aumento de casos de febre amarela silvestre em Minas Gerais pode ser um surto cíclico da doença, como o já observado em 2009. Mas no entanto, o país corre risco de ver um retorno dela às áreas urbanas, avaliam pesquisadores.

Governo recomenda vacinação de quem mora ou vai viajar para áreas rurais e de mata

O risco da febre amarela urbana

“Já esperávamos um surto maior da febre amarela silvestre, portanto devemos nos preocupar. Estamos sentados em uma bomba-relógio”, disse à BBC Brasil o epidemiologista Eduardo Massad, da USP.

“Precisamos entender o risco de reintrodução de febre amarela urbana, o que seria uma enorme tragédia. Talvez maior do que zika, dengue e chikungunya juntas. Ou seja, ela mata quase 50% das pessoas que não são tratadas.”

Especialistas temem que vírus chegue às cidades, onde poderia ser espalhado pelo Aedes aegypti, também transmissor de doenças como a dengue e a zika

Cerca de 285 mil doses de vacina contra a febre amarela para Minas Gerais para controlar a doença. Pessoas nas áreas onde há registro de casos serão vacinadas. Posteriormente, moradores de municípios vizinhos.

Em sua fase inicial. Que dura de três a cinco dias. A febre amarela causa calafrios. Febre. Dores de cabeça e no corpo. Cansaço. Perda de apetite. Náuseas e vômitos. Em sua fase mais grave, a doença provoca hemorragias e insuficiência nos rins e no fígado, o que pode levar à morte.

Surto de Febre Amarela

“Este surto maior é cíclico e, então, já há atenção sobre isso. Isso tem relação com todas as atividades humanas que invadem a floresta. E no Brasil também temos um processo importante de perda de ambientes naturais”. Disse à BBC Brasil.

Segundo ela, o aumento das mortes de macacos principais hospedeiros do vírus no ciclo de transmissão silvestre. É o principal indicativo de que o surto pode estar se aproximando das populações humanas.

“Desde 1940 não temos ciclos, no Brasil, de transmissão deste vírus pelo Aedes aegypti. A morte de macacos perto de pessoas mostra que um ciclo que deveria estar limitado ao ambiente das matas está mais perto das áreas onde vivem humanos. E quando eles estão próximos. E é mais fácil para o mosquito passar o vírus para uma pessoa”. Explica.

A bióloga Marcia Chame explica que macacos são uma espécie de ‘sentinela’, cujas mortes avisam humanos sobre a proximidade de um surto.

Na Fiocruz. A equipe liderada por Chame tenta entender o que causa esses surtos de maior proporção na tentativa de evitar. Também. Que o vírus volte às cidades.

O receio. Diz ela. É que com a diminuição das áreas florestais. Animais que foram infectados frequentem cada vez mais os centros urbanos em busca de alimento e abrigo. Lá. Eles também poderiam ser picados pelo Aedes aegypti. Abundante nas cidades brasileiras.

Leia Mais:

Retorno da febre amarela

O risco de que moradores de áreas endêmicas e até ecoturistas contraiam o vírus e o levem para cidades maiores é a principal preocupação dos especialistas. Na verdade. Eles ainda tentam descobrir por que isso não ocorreu até agora.

“Ainda é um desafio entender como a febre amarela não voltou para os centros urbanos. Já que temos um grande número de pessoas que vão a áreas endêmicas para turismo ou a trabalho e voltam para cidades infestadas de Aedes aegypti”. Diz Eduardo Massad.

Para Eduardo Massad, um desafio é entender por que a doença ainda não voltou às cidades.

Vetor da febre amarela

Os pesquisadores tentam compreender se o Aedes aegypti. Se teria por exemplo. Menos competência como vetor da febre amarela do que da dengue. Da chikungunya e da zika.

“Hoje os deslocamentos de pessoas pelo país são muito mais rápidos. Por isso. Estes vírus se disseminam com mais facilidade. O fato de a febre amarela ainda não ter se disseminado no país todo é um alento. Dá expectativa de que não aconteça o mesmo que ocorreu com zika e chikungunya nos últimos dois anos”. Afirma Brito.

Se em 30 anos de dengue batemos recordes de números de casos em 2015 e em 2016. Não é porque a população brasileira cresceu. Isso mostra que perdemos o controle do mosquito.”

Vacina

O Ministério recomenda a vacina para pessoas a partir de nove meses de idade. Principalmente as  que vivem nas áreas endêmicas ou viajarão para lá.

Portanto, enquanto ainda não se explica como o vírus se manteve fora das cidades durante os últimos 75 anos. Mesmo com o aumento da infestação pelo Aedes aegypti – o pesquisador continua preocupado.

“A probabilidade de levar uma picada de Aedes aegypti no Rio durante o Carnaval é 99,9%. É inescapável. As pessoas ficaram preocupadas com Olimpíada, Copa do Mundo. Isso é besteira. Imagine se chega alguém com febre amarela no Rio no Carnaval.”

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-38578064

Compartilhar