Avaliação da Adesão Às Práticas de Controle de Infecção na Atenção Domiciliar: Instrumento de Pesquisa

24 de setembro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Adapta o instrumento norte-americano Survey of Infection Control in Home Health Care para a cultura brasileira.


As infecções relacionadas à assistência à saúde – IRAS são eventos adversos comuns nos serviços de saúde e constituem um importante problema de saúde pública, com impacto na morbidade, mortalidade e qualidade de vida. Uma grande parte dessas infecções podem ser evitadas através de medidas efetivas de prevenção e controle.

Acompanhamento domiciliar de Enfermagem
As IRAS não estão restritas aos hospitais. Tradicionalmente denominadas “infecções hospitalares”, a mudança recente na nomenclatura reflete a expansão do fenômeno para outras modalidades de assistência à saúde. Assim, também são um problema na Atenção Domiciliar – AD, modalidade de atenção à saúde caracterizada por sua prestação no domicílio do paciente. Estudo desenvolvido na Suécia identificou 271 (duzentos e setenta e um) eventos adversos – EA ocorridos entre 600 (seiscentos) pacientes da AD no período de um ano. A maioria dos EA (71,6%) foi considerada prevenível e as IRAS foram os eventos mais frequentes. Nos Estados Unidos da América, um estudo de proporção nacional com aproximadamente 200 mil pacientes assistidos por serviços de AD atribuiu 17% de todas as internações não planejadas no período de um ano às infecções. No Brasil, um estudo identificou os principais riscos à segurança de paciente acamado no ambiente domiciliar, entre eles falta de apoio familiar, reação medicamentosa, risco de infecção, capacidade de executar a higiene prejudicada e risco de queda. Em revisão sistemática sobre a prevalência de infecções e seus fatores de risco na AD, os autores concluíram que os resultados encontrados variaram drasticamente entre os 25 (vinte e cinco) estudos incluídos e a análise foi limitada por falhas metodológicas significativas. Entretanto, segundo os autores, a infecção é prevalente na AD e é provável que os riscos sejam influenciados por fatores socioambientais, como a capacidade do cuidador em prestar os cuidados necessários e as condições de limpeza e saneamento dos domicílios.
O reconhecimento da ocorrência de IRAS em cenários extra hospitalares implica na necessidade de ampliar o conhecimento de medidas preventivas aos profissionais de saúde que atuam nessas modalidades, em especial diante da pandemia de COVID 19, que ressalta a importância das ações de controle de infecção, como as precauções padrão e específicas, para proteção não apenas dos pacientes, mas também dos profissionais em diferentes contextos. Entretanto, as evidências científicas são limitadas e o conhecimento sobre soluções de controle de infecção nesses ambientes se encontra em estágio inicial. Pesquisadores norte-americanos afirmam que existem grandes lacunas no conhecimento sobre o controle de infecções na AD: as diretrizes se baseiam em opiniões de especialistas e evidências de ambientes hospitalares, e as estimativas de infecções na AD provavelmente são subestimadas. No Brasil, pesquisas com enfoque em ações preventivas de infecções na AD são escassas e incipientes.
Destaca-se estudo desenvolvido nos EUA que afirmou ser a adesão da equipe de enfermagem às práticas de controle de infecção na AD pouco investigada, apesar da importância da modalidade. Assim, os pesquisadores desenvolveram, validaram e aplicaram o instrumento Survey of Infection Control in Home Health Care – SICHHC para avaliar a adesão às práticas de controle de infecção na AD, conhecimentos correlatos e atitudes relacionadas.
Assim, o objetivo desse estudo foi adaptar o instrumento norte-americano Survey of Infection Control in Home Health Care para a cultura brasileira. A predileção pela adaptação transcultural de questionários previamente desenvolvidos e validados em outros países é recomendada na literatura, já que facilita a troca de informações e a divulgação do conhecimento científico.
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