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Assistência de Enfermagem em Situação de Abortamento Retido
9 de fevereiro de 2023 por filipesoares Imprimir
Descreve a elaboração e validação de um cenário para simulação clínica no ensino de graduação em Enfermagem sobre assistência às mulheres em situação de abortamento retido.
A maternidade normalmente é um processo natural e uma condição esperada por muitas mulheres, o que gera muitas expectativas. Entretanto, a gestação é passível de complicações, seja por condições prévias da mulher ou por vulnerabilidade social. As complicações podem arriscar a vida da mulher, do feto ou ambos. Portanto, é importante que se tenha profissionais qualificados para identificar e manejar adequadamente as intercorrências, minimizando os danos para as gestantes e seus bebês.
O abortamento é uma intercorrência comum, principalmente no primeiro trimestre gestacional. Conceitualmente, aborto é o produto de uma concepção eliminado até à 20ª a 22ª semana de gestação, com o feto pesando menos do que 500 gramas. O processo de abortamento não ocorre igualmente entre as mulheres, classificando-se em diferentes formas clínicas (aborto retido, ameaça de abortamento, inevitável, infectado, completo, incompleto e habitual).
Abortamento Retido
Aborto retido consiste na retenção do embrião ou feto sem vida pelo útero. Normalmente há uma regressão dos sinais de gravidez, o útero mantém-se estacionário, o colo uterino permanece fechado, com ausência ou mínima perda sanguínea. É um evento identificado a partir do exame físico de qualidade associado ao ultrassom que revela ausência de vitalidade fetal, ou mesmo um saco gestacional anembrionado (gestação anembrionária).
A causa do abortamento nem sempre é conhecida. Estima-se que cerca de 60% dos abortos esporádicos no primeiro trimestre sejam por alterações cromossômicas. Entretanto, outros fatores como doenças maternas, traumas, intoxicações, infecções, tabagismo, etilismo, drogadição e incompetência istmo-cervical, também podem levar a este desfecho. As consequências do abortamento para mulher perpassam a esfera física e emocional. Além do sofrimento emocional pela perda de um filho, dependendo da forma clínica de abortamento, a mulher fica vulnerável à ocorrência ou agravamento de infecções e distúrbios de coagulação, além dos riscos anestésicos e mecânicos relacionados aos procedimentos de esvaziamento uterino, quando necessário.
Cerca de 200.000 internações por ano no Brasil entre 2008 e 2015 foram por procedimentos relacionados ao
aborto. Estes dados demonstram a necessidade de acesso e qualificação de ações de planejamento reprodutivo e atenção pré-natal, com objetivo de reduzir a incidência de aborto por causas evitáveis e ainda a necessidade de qualificação profissional para atendimento e manejo destas situações.
Neste contexto epidemiológico, é essencial que os cursos de graduação das profissões de saúde invistam na qualidade do ensino, agregando estratégias à metodologia de ensino que suscitem no aluno o interesse pela temática. As metodologias ativas de ensino vêm ganhando notoriedade no processo de formação acadêmica e de educação continuada na área da saúde. Um estudo quase-experimental, realizado com estudantes de enfermagem e medicina, com o objetivo de descrever o processo de elaboração e validação de um cenário para simulação clínica no ensino de graduação em enfermagem sobre assistência às mulheres em situação de abortamento retido, concluiu que a associação do método tradicional com a simulação favorece o desenvolvimento das habilidades teóricas e práticas dos estudantes. Segundo os autores a simulação foi descrita como um elemento eficaz na obtenção e aperfeiçoamento do conhecimento em saúde.
A simulação vem se popularizando como metodologia no ensino em saúde por permitir ao aluno unir conhecimentos teóricos e práticos, técnicos e não técnicos, sem estar sob pressão de colocar a vida do paciente em risco. O ambiente simulado é controlado e permite os alunos errarem tantas vezes quantas forem necessárias para o aprendizado. Além da técnica e da construção de conhecimento, pode-se aprimorar outras habilidades como comunicação, consciência do caso, trabalho em equipe, raciocínio clínico, tomada de decisão, exercício de deveres, defesa e empatia.
Considerando o exposto, o estudo objetivou descrever o processo de elaboração e validação de um cenário para simulação clínica no ensino de graduação em enfermagem sobre assistência às mulheres em situação de
abortamento retido.