Descreve o processo de implantação das melhores práticas para assistência à amamentação de recém-nascido prematuro e de baixo peso.
O nascimento prematuro é um importante fator de risco para a morbidade e mortalidade do recém-nascido. Aproximadamente 60 a 80% dos recém-nascidos que morrem são prematuros e/ou pequenos para a idade gestacional. Prematuros têm idade gestacional abaixo de 37 semanas ao nascer e recém-nascidos com baixo peso ao nascer têm peso abaixo de 2,5 kg. Recém-nascidos prematuros e de baixo peso têm um risco de 2 a 10 vezes maior de mortalidade do que recém-nascidos a termo e com peso normal ao nascerem.
O recém-nascido prematuro apresenta imaturidades anátomo fisiológicas que interferem na amamentação, refletidos pela dificuldade de realizar e manter a pega e sucção no peito materno, pela ausência de força para extração de leite durante a mamada. Além disso, a amamentação no recém-nascido prematuro e de baixo peso pode ser dificultada pela hospitalização prolongada e pelos desafios durante a permanência do recém-nascido na Unidade Neonatal, tais como: separação mãe-bebê, atraso na alimentação enteral e oral, doença e estresse materno, comportamento materno nos cuidados, conhecimento e habilidades insuficientes dos profissionais de saúde e necessidade de apoio logístico para a mãe amamentar.
A amamentação é muito importante para o recém-nascido prematuro (RNPT), pois auxilia na maturação gastrointestinal, previne casos de infecção e sepse precoce, diminui os índices de enterocolite necrosante e de retinopatia da prematuridade, auxilia no vínculo mãe-filho e no melhor desempenho neurocomportamental, além de reduzir as readmissões hospitalares. Ressalta-se, porém, que amamentar é um processo complexo, dinâmico e depende de variáveis que podem influenciar positiva ou negativamente.
De acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, baseadas nas melhores evidências científicas, o estabelecimento e a manutenção da amamentação em prematuros e baixo peso requer que os profissionais de saúde tenham conhecimentos e habilidades em lactação e exerçam o apoio à amamentação, incluindo a prestação de informações e cuidados pré-natais específicos. O contato pele a pele precoce, contínuo e prolongado (método canguru), o início precoce da amamentação e o acesso das mães a orientações e apoio para amamentar durante toda a internação do bebê, são ações decisivas para o estabelecimento da amamentação exclusiva desse público.
O aleitamento materno de recém-nascidos prematuros oferece particularidades que dificultam seu processo, tornando o desmame precoce um fator comum nesta realidade. Inúmeros trabalhos abordam as baixas taxas de aleitamento materno exclusivo de recém-nascidos prematuros e de baixo peso na alta hospitalar, evidenciados por fatores desde o atraso na sucção direta do peito materno, o distanciamento da mãe e do recém-nascido desde os primeiros minutos de vida, até as dificuldades de manutenção da produção láctea da mãe e à falta de apoio em âmbito hospitalar e em domicílio. Alguns autores apontam que o método da primeira alimentação oral do recém-nascido, assim como o nível de instrução materna e sua vinculação ao recém-nascido, são preditores críticos do sucesso da amamentação em prematuros. As mães devem ser incentivadas a amamentar na primeira tentativa oral do bebê e medidas estratégicas de apoio à amamentação devem ser fornecidas antes do início da alimentação oral.
Nesse cenário destaca-se a importância e o desafio, para os profissionais de saúde, de implementarem intervenções baseadas nas melhores evidências científicas, e o JBI tem como missão facilitar a implementação das melhores evidências disponíveis na área da saúde. O JBI é uma organização internacional de pesquisa e desenvolvimento, especializada em prover aos profissionais de saúde os recursos para a prática clínica baseada em evidências científicas.
Embora as recomendações estejam disponíveis na literatura, o hospital cenário da pesquisa ainda não tinha implantado um protocolo baseado em evidências científicas para assistência à amamentação de recém-nascido prematuro e de baixo peso, fazendo com que as condutas dos profissionais acabassem sendo diferentes entre si. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo descrever o processo de implantação das melhores práticas para assistência à amamentação de recém-nascido prematuro e de baixo peso.