Verifica indicadores bibliométricos da produção científica disponível em periódicos online que abordam assédio moral e Enfermagem.
O assédio moral é um tipo de violência de modo repetitivo e prolongado, capaz de promover danos físicos e psíquicos em suas vítimas. Esta dissertação é composta por dois artigos. Artigo 1 – Produção científica sobre assédio moral e enfermagem: estudo bibliométrico.
Objetivo: verificar indicadores bibliométricos da produção científica disponível em periódicos online que abordam assédio moral e enfermagem. Método: estudo bibliométrico. Utilizou-se a lei de Bradford, e a lei de Zipf combinada à estatística textual (Iramutec). Amostra constituída por 111 publicações em português, inglês e espanhol, disponibilizadas em bases de dados nacionais e internacionais, no período de 2000 a 2016. Resultados: produção predominantemente publicada nos últimos dez anos e elaborada em coautoria. Autores principais vinculados a 91 instituições, distribuídas em 24 países. Estados Unidos da América, Brasil e Austrália foram os países que mais publicaram. Profissionais e estudantes de enfermagem compuseram as principais populações das pesquisas, e o ambiente hospitalar foi o cenário mais investigado. Os periódicos com maior número de publicações (Núcleo de Bradford) possuem influência científica internacional. Os termos com maior poder semântico e alta frequência nos resumos foram bullying, assédio moral e acoso laboral.
Conclusão: os indicadores apontam que o assédio moral ocorre no ambiente de trabalho de enfermagem em vários países, e que o número de publicações nesta temática tende a crescer. Entretanto, é necessária a ampliação de pesquisas envolvendo cenários diversificados, incluindo profissionais e estudantes de enfermagem, o que contribuirá para o melhor conhecimento e enfrentamento desse fenômeno. Artigo 2 – Assédio moral no trabalho: estudo com membros de Conselhos de Enfermagem acerca de processos éticos. Objetivo: investigar o assédio moral a partir do posicionamento de conselheiros de enfermagem acerca de processos éticos na referida temática. Método: estudo exploratório-descritivo com abordagem quantitativa. Coleta de dados realizada por meio de plataforma online. A amostra foi composta por 80 conselheiros do sistema Conselho Federal de Enfermagem/Conselhos Regionais, provenientes das cinco regiões geográficas do Brasil.
Estudo com autorização administrativa (Cofen), e aprovação ética (CAAE) nº: 48398215700005183. Resultados: a partir dos dados obtidos, observou-se que 86,25% dos conselheiros realizaram julgamentos de profissionais de enfermagem denunciados por prática de assédio moral. Em relação aos processos nessa temática, 77,5% dos participantes mencionaram encontrar alguma dificuldade, entre as principais, destacam-se as ausências de testemunhas, e de comprovação dos atos denunciados. Sendo esta última, o principal (68,52%) motivo de arquivamentos e absolvições em alguns processos. A caracterização do fenômeno não foi consensual com relação à frequência das agressões e ao tempo total de exposição da vítima à violência. Contudo, 95% consideram que o agressor pode se manifestar através de condutas variadas. Para comprovar as agressões, as vítimas podem utilizar os relatos de testemunhas, registro em livro de ocorrência, mensagens virtuais, e atestados psicológicos, visto que são amplamente aceitos pelos conselheiros. A penalidade de advertência para o assediador foi considerada como insuficiente por 68,7% dos conselheiros. Todos os participantes consideram importante a proposta de criação de instrumento para auxiliar a averiguação de denúncias envolvendo a prática do assédio moral.
Conclusão: os processos éticos colaboram ativamente no enfrentamento do assédio moral, contudo, é importante que os Conselhos de Enfermagem apoiem novas estratégias de prevenção e adotem instrumentos que norteiem a averiguação de denúncias, proporcionando maior respaldo para a formação de convicção dos conselheiros nos julgamentos envolvendo essa prática.