Analisa as perdas de vacinas em uma Região de Saúde do Noroeste paulista.
A vacinação é um método de proteção específico com excelente relação custo-benefício e constitui ação prioritária de prevenção pela atenção primária à saúde, com elevado impacto na saúde da população. Nas últimas décadas, as vacinas alteraram o perfil epidemiológico das doenças imunopreveníveis, reduzindo o número de casos e os custos com hospitalização e tratamento.
Por serem produtos termolábeis, as vacinas precisam ser mantidas em temperaturas controladas e ideais para manter sua imunogenicidade e eficácia. Isso exige cuidados de conservação, realizados pela equipe de enfermagem, sob gerência do enfermeiro. A temperatura ideal para evitar deterioração é especificada pelo fabricante, mas a estabilidade dos imunobiológicos também pode ser alterada pela luminosidade, umidade e tipo de cepa vacinal.
Visando a conservação adequada dos imunobiológicos, em 1973 o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Imunizações (PNI), responsável pela coordenação nacional das ações de imunização, de forma sincronizada e racional, a partir de um sistema logístico denominado Rede de Frio, que conta com profissionais qualificados, equipamentos e protocolos para o recebimento, armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e transporte dos imunobiológicos, de maneira adequada.
A Rede de Frio assegura que as características imunogênicas dos imunobiológicos sejam mantidas, ao longo do percurso entre o laboratório produtor e a administração. Portanto, é necessário que os imunobiológicos sejam adequadamente refrigerados, em todas as instâncias de armazenamento.
A fim de garantir a capacidade imunogênica dos imunobiológicos, os mesmos devem estar conservados, no nível local, em temperatura entre +2°C e +8 °C e dentro do prazo de validade especificado no frasco, conforme preconiza o PNI. Para tanto, o controle, registro e monitoramento diário da temperatura são imprescindíveis nos equipamentos das instâncias de armazenamento. Em caso de alterações da temperatura, leva-se em conta as temperaturas máxima, mínima e do momento que foram atingidas e o tempo que o imunobiológico permaneceu nestas temperaturas.
Fragilidades relacionadas ao processo de refrigeração como manuseio inadequado e defeito no equipamento ou a falta de energia elétrica, podem comprometer a potência e eficácia dos imunobiológicos. Diante disso, os mesmos são colocados sob suspeita e submetidos a processos de análise e/ou reteste, a partir da orientação da coordenação geral do PNI. Após tais procedimentos, os desfechos consequentes à alteração da temperatura serão a utilização ou o descarte do imunobiológico.
No estado de São Paulo, quando um imunobiológico sofre alteração de temperatura na instância local/municipal, é necessário preencher a Ficha de Notificação de Alteração de Temperatura e enviá-la à instância regional (Grupo de Vigilância Epidemiológica – GVE), que a encaminhará ao nível estadual (Centro de Vigilância Epidemiológica – CVE), onde será analisada para definir a conduta a ser adotada.
Estudos demonstram que o descumprimento das normas de conservação das vacinas por erros ou falhas, em nível local, é comum, gera inutilizações e perdas de doses, e ocasiona prejuízos financeiros e de processos de trabalho, que afetam a qualidade dos serviços de saúde. Portanto, estudar a perda de vacinas por alteração de temperatura contribuirá para identificar os determinantes do problema e definir medidas de prevenção das perdas, subsidiando a atuação da equipe de Enfermagem nas salas de vacinação e proporcionando maior segurança no armazenamento dos imunobiológicos.