Agosto Dourado: Cofen Anuncia Ações de Apoio ao Aleitamento Materno

27 de julho de 2023 por filipesoaresImprimir Imprimir

Criação de sala de apoio e campanha de incentivo a amamentação integram as ações.


Amamentar muda o mundo. Com colinho e leite materno, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lançou hoje (26/7) a Campanha Agosto Dourado. A iniciativa, coordenada internacionalmente pela Aliança Global pela Amamentação (WABA) e pelo Ministério da Saúde no Brasil, tem apoio do Sistema Cofen/Conselhos Federais de Enfermagem. Os bebês Sofia, Davi e Bernardo, filhos de trabalhadores do Cofen e futuros beneficiados pela sala de apoio à amamentação do edifício-sede, foram protagonistas do evento.

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Presidente do Cofen abriu o evento, ao lado da conselheira Ivone Amazonas e das trabalhadoras lactantes Jéssica, Tânia e Patrícia, da gestante Cássia e dos bebês Bernardo, Davi e Sofia.

Para a gestante Cássia Gomes, da Controladoria do Cofen, a sala de amamentação permitirá “voltar a trabalhar com mais segurança, com mais conforto, mais comodidade”. Cássia pretende manter seu bebê em aleitamento exclusivo até os seis meses, e seguir amamentando após a introdução alimentar, como preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A presidente do Cofen, Betânia Santos, parabenizou as mães que prestigiaram o lançamento com seus bebês e a conselheira Ivone Amazonas, idealizadora da sala de apoio à amamentação. A sala já está quase pronta para receber as mulheres, que terão um espaço acolhedor para coletar leite para seus bebês ou para doação aos Bancos de Leite Humano (BLH).

No evento, foram distribuídos laços e balões dourados, simbolizando a mobilização pelo aleitamento. “O dourado representa o valor do leite materno. Um lado do laço é mãe. O outro lado do laço é o bebê. Vocês sabem quem é o outro lado do laço?”, perguntou ao público.  “É a coletividade, o pai, a família, os empregadores. Sem o nó, a amamentação não acontece”, explicou a conselheira.

“Nosso papel, como profissionais de Saúde, é apoiar a amamentação. É seguir a lei 11.265/2006, que protege e apoiam essas mães, sem estimular o uso de mamadeiras e chupetas”, destacou a Ivone Amazonas. “Amamentar não reduz apenas a mortalidade infantil. Reduz também a mortalidade materna, reduzindo hemorragias e promovendo a contração do útero no pós parto”, afirmou Ivone, que convidou a colega Dannyelle Costa para compartilhar sua experiência como lactante na gestão do Cofen.

“Amamentar é uma escolha, e a mulher precisa de apoio para fazer valer essa decisão”, destacou Dannyelle. Para ela, o apoio do marido foi essencial. Após a apojadura (descida do leite materno), com os seios cheios e a neném chorando, a enfermeira obstétrica experiente se via sem conseguir amamentar. A neném não conseguia fazer a pega. O leite não saia. “Ele ficava lá, calmo, dizendo: ´você vai conseguir’”, relata. “Foram horas e horas de choro. Mas sim, eu consegui”, contou Dannyelle, que teve fissura no mamilo, tratada por outras enfermeiras obstétricas.

Dannyelle reforçou, ainda, a importância de naturalizar a amamentação em todos os espaços. “Eu tirava o peito para amamentar minha filha e minha mãe dizia: minha filha, vá para o quarto. E eu dizia: não, mainha. Se alguém estiver incomodado, que saia”.  Parentes insistindo em oferecer chupeta para a bebê que chorava também foram parte do desafio enfrentado por Dannyelle. Um dia de cada vez, chegaram aos seis meses com aleitamento exclusivo, sem chupeta ou bicos artificiais.

Com os oito meses da pequena Júlia, um novo desafio. A mãe, que amamentava em livre demanda, foi convidada a compor chapa para a gestão do Cofen. Dannyelle foi e seguiu amamentando, com a neném a tiracolo. Veio o desmama noturno, e as mamadas seguiam durante o dia. “O leite não secava durante as viagens”, conta. Com os dois anos de Júlia, Dannyelle optou pelo desamame, após amamentar por 1h30, no retorno de uma viagem. “Amamentar muda o mundo. Constrói vínculos, faz um mundo com mais amor”, afirmou.

Amamentar reduz mortalidade infantil

Dados do Ministério da Saúde indicam que o leite materno é capaz de reduzir em até 13% a morte por causas evitáveis na primeira infância. A prevalência da amamentação exclusiva entre bebês menores de 6 meses aumentou mais de 1.500% entre 1986 e 2020, passando de 2,9% para 45%, segundo dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI). No mesmo período a mortalidade infantil caiu em taxas anuais de quase 5%, associada à ampliação da rede de atenção básica, vacinação e amamentação.

Encontre um Banco de Leite

O Brasil conta com 227 bancos de leite humano (BLH) e 240 postos de coleta distribuídos em todos os estados e no Distrito Federal. Os bancos prestam orientação gratuita e apoio às mulheres que amamentam, além de receberem doações fundamentais para recém-nascidos internados. “Se você está com o bebê em casa, amamentando, consegue estimular a produção com apoio e manejo correto. Para os bebês internados, sobretudo os prematuros, essa doação é uma questão de sobrevivência, cada ml faz diferença”, explica Ivone.

Ligue para o telefone 136 ou acesse o site da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, para encontrar a unidade mais próxima.

Lei protege amamentação

A mudança da cultura sobre aleitamento materno no Brasil é fruto de políticas de apoio a amamentação, incluindo crescentes restrições à ação da indústria alimentícia, cujo marketing agressivo convenceu gerações de que existiria alternativa igual, ou mesmo superior, ao leite materno.

O uso de chupetas e mamadeiras também está relacionado a perturbações da amamentação e desmame precoce. Qualquer propaganda ou ação promocional de bicos artificiais ou fórmulas substitutiva de leite materno nos serviços de Saúde é proibida por lei no Brasil, podendo gerar responsabilização dos profissionais envolvidos.

Conheça os atos normativos da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL):

Portaria MS no. 2051, de 8/11/2001: Estabelece os novos critérios da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras;

Resolução RDC no. 221, de 5/08/2002: Regulamento Técnico sobre Chupetas, Bicos, Mamadeiras e Protetores de Mamilo;

Resolução RDC no. 222, de 5/08/2002: Regulamento Técnico para Promoção Comercial dos Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância;

Lei no. 11.265, de 3/01/2006: Regulamenta a comercialização de alimentos para lactentes e crianças de 1ª infância e também a de produtos de puericultura correlato; e

Decreto no. 9.579, de 22/11/2018: Consolida atos normativos editados pelo Poder Executivo federal que dispõem sobre a temática do lactente, da criança e do adolescente e do aprendiz, e sobre o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Fundo Nacional para a Criança e ao Adolescente e os programas federais da criança e do adolescente, e dá outras providências.

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