Adesão às Medidas Para Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico no Perioperatório

18 de outubro de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Verifica a adesão às medidas recomendadas para prevenção de infecção do sítio cirúrgico no período perioperatório.


As infecções do sítio cirúrgico sobressaem entre as principais Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde no Brasil, representando riscos à segurança do paciente e ônus para os serviços de saúde. Essas infecções podem, em sua maioria, ser evitáveis, e para tal, a adesão às medidas de prevenção e controle recomendadas é fundamental.

Adesão às Medidas Para Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico no Perioperatório

Adesão às Medidas Para Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico no Perioperatório. Foto: Divulgação.

Esta pesquisa teve como objetivo geral verificar a adesão às medidas recomendadas para prevenção de infecção do sítio cirúrgico no período perioperatório.

Trata-se de estudo prospectivo, observacional, de abordagem quantitativa, realizado na Unidade de Centro Cirúrgico e no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar de um hospital geral de ensino. Foram incluídos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, submetidos a procedimento anestésico-cirúrgico eletivo e classificado como cirurgia limpa segundo o potencial de contaminação. Excluíram-se pacientes com registro de foco infeccioso prévio, procedimentos cirúrgicos com colocação de próteses e ou materiais implantáveis, e operações com intercorrências que tenham determinado a alteração da classificação da cirurgia quanto ao potencial de contaminação. A amostra (n=287) foi do tipo não probabilística. Para o cálculo do tamanho amostral considerou-se uma incidência de infecção do sítio cirúrgico em cirurgias limpas de 17,2%, de acordo com a literatura. Foram observados 287 procedimentos cirúrgicos eletivos e limpos, no período maio a agosto de 2019.

Para a coleta de dados utilizou-se instrumento de caracterização sociodemográfica e clínica, Checklist de Verificação da Adesão às Recomendações para Prevenção de Infecção do Sítio Cirúrgico, e instrumento para avaliação da incidência de infecção do sítio cirúrgico. Foram observadas as ações realizadas pela equipe profissional, segundo o instrumento Checklist de Verificação da Adesão às Recomendações para Prevenção de Infecção do Sítio Cirúrgico, desde a entrada do paciente na sala de operação até a sua saída da sala de recuperação pós-anestésica. Posteriormente, para vigilância pós-alta da ocorrência de infecção do sítio cirúrgico, verificou-se a presença ou não de infecção após 30 dias da data de cirurgia por meio dos dados do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e contato telefônico com o paciente.

Os dados foram analisados empregando-se distribuições de frequências absolutas e percentuais para variáveis categóricas e medidas descritivas de centralidade e dispersão para variáveis quantitativas. Para identificar a influência das variáveis clínicas sobre os escores de adesão, adotou-se o teste t de Student e as correlações de Pearson e Spearman. Para analisar a influência simultânea dos preditores clínicos sobre o escore de adesão, utilizou-se análise de regressão linear múltipla. Para todas as análises inferenciais, considerou-se nível de significância de 5% (α=0,05).

A pesquisa

A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, sob o parecer nº 2.925.596. Observou-se que a maioria (184; 64,1%) dos participantes era do sexo feminino e a idade média foi de 52,1 anos (DP= 17,6). Quanto às comorbidades, os pacientes apresentaram Hipertensão Arterial (97; 33,8%). No que se refere ao Índice de Massa Corporal, 119 (41,5%) pacientes apresentaram-se eutróficos. Em relação ao escore da American Society of Anesthesiologists (ASA), observou-se que a maioria dos pacientes (160; 55,7%) foram classificados como clinicamente estáveis (ASA I). O tempo médio de duração do procedimento anestésico-cirúrgico foi de 81 minutos (DP= ± 61,6), com variação de 10 a 315 minutos. A dermatologia foi a especialidade cirúrgica predominante em 114 (39,7%) pacientes. A média para o escore geral de adesão às medidas de prevenção de infecção do sítio cirúrgico foi de 59,5, enquanto as médias dos escores para os períodos pré-operatório, intraoperatório e pós-operatório foram de 70,0; 58,9 e 46,6, respectivamente.

A incidência de pacientes com infecção do sítio cirúrgico foi de 1,7%. Quanto à influência das variáveis clínicas sobre os escores de adesão, evidenciou-se que a média dos escores de adesão para os idosos foi maior quando comparada aos adultos, com diferença estatisticamente significativa (p = 0,031). Observou-se que, à medida que aumentava a duração do procedimento anestésico-cirúrgico e o escore ASA, aumentava também o escore de adesão às medidas de prevenção de infecção do sítio cirúrgico. A análise de regressão linear múltipla corroborou com os resultados da análise bivariada, evidenciando que, quanto maior o tempo do procedimento anestésico-cirúrgico e mais elevado o escore ASA, maior o escore de adesão às recomendações.

Os resultados deste estudo poderão subsidiar intervenções que objetivem a implementação de medidas de prevenção de infecção do sítio cirúrgico no cenário da assistência perioperatória, as quais poderão nortear as ações das equipes cirúrgicas para melhorar a adesão às medidas recomendadas.

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