Analisa as percepções dos enfermeiros da Saúde da Família sobre o aconselhamento em HIV/aids para gestantes.
A feminização da epidemia do HIV não apenas revela a vulnerabilidade de gênero, mas se reflete na transmissão vertical da doença. A fim de garantir prevenção eficaz diante a infecção, o aconselhamento em HIV/aids para gestantes mostra-se indispensável e se apresenta como uma prática ampliada fundamentada na educação em saúde, avaliação de vulnerabilidades e apoio emocional. A partir do vínculo e diálogo, visa o regaste da autonomia e protagonismo da mulher, no reconhecimento de subjetividades e transformações da realidade visando à proteção contra o vírus e a integralidade do cuidado.
O objetivo desta publicação é analisar as percepções dos enfermeiros da Saúde da Família sobre o aconselhamento em HIV/aids para gestantes. Método: Trata-se uma pesquisa de abordagem qualitativa fundamentada em duas etapas, a saber, mapeamento das produções cientificas (revisão de escopo) e trabalho de campo desenvolvido com doze enfermeiros da Saúde da Família de três municípios do interior de São Paulo. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturas e interpretados por análise de conteúdo. Resultados: Construíram 3 categorias de análise: 1. A centralidade do aconselhamento e testagem anti-HIV, na dependência e restrição dessa prática ao exame e limitações conceituais e teóricas que a caracterizam. 2. Gestação e HIV: Desdobramentos de um resultado positivo, evidenciado pelo desconforto e insegurança na comunicação do diagnóstico e a complexidade empírica que envolve a mulher gestante convivendo com HIV. 3. Facilidades, dificuldades e desafios no aconselhamento em HIV para gestantes, que se estende desde do vínculo e à condição de estar gestante à desafios estruturais e interrupções constantes durante o aconselhamento.
Considerações finais: A significação do aconselhamento em HIV/aids à medida que centra-se, sobretudo, na realização do teste rápido para detecção do vírus e no resultado reagente para infecção denota uma lacuna importante na internalização ampliada dessa prática e restrições destacadas em seu desenvolvimento. Embora sentimentos conflitantes modulem aspectos específicos do aconselhamento, sentimentos afirmativos têm a ele sido relacionados, potencializando a construção de novas percepções compatíveis com a naturalização do tema.