Analisa a precarização do trabalho da Enfermagem, buscando compreender a organização e investigando sua atuação frente ao processo de precarização.
As inclinações para analisar o trabalho humano são variadas, pautadas nas declives filosóficas, sociais, econômico-produtiva e psicossocial, todavia, se formos a sua essência, vemos que em seu alicerce é a dignidade da pessoa humana. Ao falar de dignidade, remete-se ao exercício da cidadania. Desde os primórdios os seres humanos são chamados a viver em comunidade, mas para que essa convivência seja harmoniosa, é indispensável que a cidadania seja compreendida e exercida, alcançando uma sociedade mais justa e solidária.
Para a compreensão do exercício do trabalho, o mesmo é descrito como essencial a valoração do homem, e por isso, imprescindível a vida humana, podendo ser entendido como gerador de riqueza para o prestador e para a sociedade em geral, como fator altruístico de engrandecimento e satisfação pessoal, ou, ainda, como fator de dignificação do ser humano.
Com a evolução tecnológica, as novas formas de produção ocorrem de forma cada vez mais acelerada, requerendo uma adaptação com o propósito de melhor servir à nova realidade social. Entretanto, o que não se pode defender e permitir é a precarização das relações de emprego, a exclusão social, a mercantilização do trabalho e o fim de princípios basilares do trabalho do profissional de enfermagem.
No âmbito da enfermagem, a cidadania deve percorrer por temáticas como a solidariedade, democracia, direitos humanos e a ética. Os institutos jurídicos e organizacionais que constituíram a mentalidade de gerações de trabalhadores durante décadas, cederam lugar à sensação de instabilidade na prestação e remuneração do trabalho humano. A precarização do trabalho pode ser conceituada como um sistema de dominação que sempre esteve presente no sistema capitalista, com o objetivo de obrigar os trabalhadores a se submeterem e aceitarem a exploração. A história do capitalismo demonstra que a sua existência é definida pelo artifício da acumulação. Esse método, presente desde a pré-história, a partir da chamada acumulação primitiva, é baseado numa ampla gama de processos violentos e predatórios.
Os problemas relacionados à precarização do trabalho de enfermagem são cumulativos, iniciados pela forma de contratação, o excesso de trabalho imposto e de cobranças tanto no meio físico, quanto emocional. Todos esses fatores geram prejuízos tanto para os próprios profissionais, quanto para os pacientes, comprometendo sua segurança. Quando possuem mais de um vínculo empregatício e são submetidos há longas jornadas de trabalho, devido à falta de piso salarial justo, banalizam a assistência, possibilitando a ocorrência de eventos iatrogênicos. Tudo isso devido à falta de tempo para gerenciar seu próprio processo de educação continuada e capacitação profissional.
Dentro desta perspectiva, o trabalho teve por objetivo analisar a precarização do trabalho do enfermeiro, investigando sua atuação frente ao frente aos problemas enfrentados no trabalho. Denotando, para que ocorra a transformação desse cenário, e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida destes profissionais, algumas medidas devem ser tomadas, principalmente na postura adotada pelos atuantes e gestores, as quais serão explanadas na construção deste trabalho.