Amplia o debate sobre o emprego da Classificação das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva.
A função do gerente na unidade básica de saúde tem como objetivo contribuir para o aprimoramento e qualificação do processo de trabalho. Em especial quando está vinculado ao fortalecimento da atenção à saúde prestada pelos profissionais das equipes à população adstrita, por meio de função técnico-gerencial. Assim quando refletimos sobre o papel do gerente, frequentemente o atrelamos ao disparador da adoção de boas práticas pela equipe e não o consideramos como produtor de cuidado direto ao usuário.
A maioria dos cursos de qualificação de gestores e gerentes de atenção básica existentes são direcionados às questões organizacionais e funcionais do Sistema Único de Saúde (SUS). Ou seja, as questões relacionadas à gestão da clínica e do cuidado são pouco abordadas nos espaços de discussão e qualificação desses profissionais. Contudo isso ocorre em decorrência do entendimento, dos macro-gestores, dos conceitos e dos modos de se produzir gestão nos serviços de saúde. Geralmente, adota-se uma perspectiva de planificação da gestão, construída a partir de relações hierárquicas, verticais, e que pouco valorizam as experiências dos gerentes para desenharem a gestão da clínica e do cuidado; tampouco consideram relevante a participação do usuário, ator chave nos processos de gestão. Afinal de contas, os serviços de saúde existem para promover a saúde dos sujeitos.
Outra questão que também acreditamos ser relevante para a discussão da função do gerente das unidades básicas de saúde é a seguinte. Por que a gestão precisa acontecer apartada do cuidado aos usuários? Por que a agenda não contempla a atenção direta aos usuários dos serviços? Será que só é possível produzir atos de gestão adotando tecnologias leve-duras como planilhas e metas sem a participação de atores importantes como os profissionais das unidades e usuários? Esses questionamentos fazem pensar num esvaziamento da potência do “ser” ou “estar” gerente e, por isso, nos lançamos aqui na produção desta reflexão para compartilhar inquietações, para uma gestão mais próxima. Assim voltada para um cuidado cotidiano, junto aos usuários dos serviços das unidades básicas de saúde, com potência para o uso da Classificação das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC).