Implementação do Método Wolbachia no Brasil.
Uma comitiva da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, liderada pelo secretário Wanderson Oliveira, esteve no México, de 19 a 25 de janeiro, para conhecer a implementação do Método Wolbachia no município de La Paz. Diferente do que ocorre atualmente no Brasil, na cidade mexicana, as liberações de mosquitos com a bactéria Wolbachia ocorrem por meio de um dispositivo de liberação de ovos. Ou seja, em vez de liberar Aedes aegypti com Wolbachia adulto, são liberados ovos destes mosquitos.
Funciona assim, em áreas públicas ou em residências e estabelecimentos comerciais de voluntários, são instalados o dispositivo de liberação de ovos (DLO). Estes equipamentos, que se parecem com um copo alto, contêm ovos de mosquito Aedes aegypti com Wolbachia, água e alimento para larvas. Ali, estes ovos vão eclodir e gerar as quatro fases de larva e também a fase de pupa, até que o mosquito chegue à fase adulta e saia voando por furos existentes na lateral do dispositivo.
De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, a visita ao México teve o objetivo de avaliar a possibilidade de escalonar a implementação do Método Wolbachia utilizando o dispositivo de liberação de ovos. “Nós já estamos investindo na expansão do Método Wolbachia para três novos municípios brasileiros e queremos avaliar como essa ampliação pode se tornar escalonável. Vamos utilizar o dispositivo e avaliar se é uma forma de dar velocidade à expansão da Wolbachia no país, ajudando a proteger os brasileiros das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti“, destacou o secretário.
O Ministério da Saúde brasileiro já investiu cerca de 22 milhões para levar o Método Wolbachia a mais brasileiros. Até o final de 2020, os mosquitos com Wolbachia começarão a ser soltos em Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). Outros municípios que devem receber o método são Foz do Iguaçu (PR), Fortaleza (CE) e Manaus (AM).
Segundo o pesquisador da Fiocruz e líder do World Mosquito Program (WMP) no Brasil, Luciano Moreira. A liberação de ovos dos mosquitos é um método que o WMP utiliza em algumas localidades e que já foi utilizado no projeto piloto no Brasil. “O benefício é que o mosquito já nasce adaptado às condições climáticas que irá enfrentar na vida adulta”, explicou. A Fiocruz, com apoio do Ministério da Saúde, é a responsável pela implementação do Método Wolbachia no Brasil.
Atualmente, o Método Wolbachia é implementado em 12 países: Austrália, Brasil, México, Colômbia, Indonésia, Vietnã, Sri Lanka, Índia, Fiji, Nova Caledônia, Vanuatu e Kiribati. Os resultados preliminares do World Mosquito Program, responsável pelo método, apontam redução dos casos de dengue no Vietnã, Indonésia e na Austrália, e dos casos de chikungunya em Niterói, no Rio de Janeiro, onde os mosquitos com Wolbachia começaram a ser liberados em larga escala em 2016.
“É um método seguro, que não envolve modificação genética, e que tem se mostrado promissor no combate às arboviroses. O que nós entendemos é que este método deve se somar a outros, desenvolvidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde, para que a gente tenha um rol de tecnologias capazes de enfrentar as arboviroses”, explicou Wanderson. O secretário ainda completa: “estamos investindo nas novas tecnologias, mas não podemos esquecer do método tradicional, que elimina os criadouros de mosquito. Se bem feito, com a ajuda da população, este é o meio mais eficaz de combater a dengue, zika e chikungunya”.
O Método Wolbachia é implementado no México, assim como no Brasil, com apoio das autoridades de saúde. A comitiva brasileira também visitou, na Cidade do México, o CENAPRECE (Centro Nacional de Programas Preventivos y Control de Enfermedades). Que é o órgão do Ministério da Saúde mexicano responsável pelo controle de vetores e das arboviroses. O objetivo foi discutir como os governos podem colaborar. Não somente na troca de ideias sobre a operação do Método Wolbachia, mas outras atividades ligadas ao controle das arboviroses.
A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, ela impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito. Contribuindo para redução destas doenças. Não há modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria.