Violência e Enfermagem Forense

8 de julho de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Modalidade funde conhecimentos para ajudar o judiciário na investigação de crimes.


Vivemos um momento excepcional para a prática da enfermagem brasileira. A pandemia de uma nova doença colocou os sistemas de todo o mundo em alerta, deixando evidente nossa vocação para o cuidado. Mas não é só no ambiente hospitalar que podemos fazer a diferença.

Foto: Divulgação.

“Os enfermeiros, de modo geral, são os primeiros profissionais de saúde a ter contato com as vítimas da violência e podem oferecer escuta qualificada e humanizada”.

Coincidindo com o advento da pandemia, criamos no âmbito do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) a Comissão Nacional de Enfermagem Forense, modalidade que funde os conhecimentos da enfermagem com aspectos forenses para ajudar o Judiciário na investigação de crimes. Remonta aos EUA nos anos 1990, tendo sido expandida para Canadá, Inglaterra e Japão, mas ainda é pouco conhecida no Brasil. Portanto, é no nosso país que tem um campo fértil para crescer.

Precisamente no contexto da pandemia, com o isolamento social e o convívio prolongado das famílias, que acabaram assoladas por muitas separações e, infelizmente, também por casos de abuso contra mulheres, crianças e idosos, o enfermeiro forense pode ser o profissional essencial para cuidar das vítimas, contribuindo para a diminuição desta violência emergente.

Os enfermeiros, de modo geral, são os primeiros profissionais de saúde a ter contato com as vítimas da violência e podem oferecer escuta qualificada e humanizada. Imbuídos das competências forenses, podem registrar e documentar achados e, assim, evitar a revitimização de quem precisa repetir a mesma história para diferentes elos da cadeia de investigação. Conseguimos incluir a enfermagem forense no rol das ocupações estabelecidas pelo Ministério do Trabalho, a valer a partir de janeiro de 2023.

Por tudo isso, o Cofen estabeleceu as habilidades e competências do enfermeiro forense para que possa auxiliar os institutos médico-legais e laboratórios forenses do Brasil. O próximo passo é a inclusão do trabalho do enfermeiro forense na Lei Maria da Penha para um melhor acolhimento às vítimas de violência.

Por Betânia Santos, presidente do Conselho Federal de Enfermagem.

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