Lucimar Constantino é gerente na UBS Vera Poty | Gente.doc

15 de abril de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir


Lucimar Constantino tem 41 anos de idade e há 20 trabalha na Saúde. Enfermeira de formação, é gerente da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vera Poty, no extremo sul de Parelheiros. O início da carreira foi como intensivista em um hospital especializado, mas logo passou a trabalhar na atenção básica com saúde da população indígena. “Às vezes, eu venho de carro, outras de fretado. Mesmo levando quase três horas no percurso de ida e volta, não troco o trabalho aqui para ir para uma região mais central. Eu adoro esse silêncio, estar na natureza”, afirma.

Quando ainda não havia a unidade de saúde na aldeia, ela atuou em um projeto de alunos do Hospital das Clínicas (HC), que tinha como objetivo atender a população indígena e melhorar os índices de saúde nas aldeias. Levar vacinas, por exemplo, era uma prioridade para reduzir a mortalidade entre indígenas. “Diante dessa realidade, o projeto se estendeu. Mas os guaranis tinham essa demanda de uma equipe fixa aqui”, relembra.

A UBS Vera Poty foi inaugurada em 2005 e, com o anexo Krukutu, atendia 600 pessoas em duas aldeias. Hoje, o complexo de saúde atende 597 famílias de 14 aldeias, um total de 1.400 pacientes. De uma equipe com um médico, um enfermeiro e dois técnicos de enfermagem, a unidade passou a contar com 45 profissionais, incluindo especialistas, como ginecologista e psiquiatra, além de psicólogo, nutricionista, assistente social e agente indígena de saúde. “Hoje, a gente tem outra realidade de saúde aqui, que foi construída ao longo dos anos. Contornamos o problema da mortalidade infantil. Atualmente, as crianças têm problemas respiratórios, o que tem a ver com o fato de ser um local muito úmido.”

Saúde especializada

De acordo com Lucimar, o Sistema Único de Saúde (SUS) na capital se molda às necessidades da população indígena, que tem especificidades. “Aqui, culturalmente, tem o pajé e também as benzedeiras, as xaryis, que são as mulheres mais velhas. Então, primeiro os indígenas vão até o pajé, tomam chás, fazem os rituais. Mas, se fica constatado que se trata de doença de não indígenas, de jurúa, é o pajé mesmo que nos encaminha os casos. A gente trabalha junto, sempre com muito respeito de ambas as partes”, finaliza.

Fonte: Agência Aids