Valida um instrumento para controle de cura sifilítica em puérperas e seus RN, após alta da maternidade.
A sífilis é uma doença infectocontagiosa de caráter sistêmico e evolução crônica, causada pela espiroqueta Treponema Pallidum – adquirida por via sanguínea –, ainda considerado um problema de saúde pública no mundo. Quando não tratada, ou tratada inadequadamente, durante a na gestação, a bactéria atinge o feto causando a sífilis congênita (SC), a qual acarreta mortalidade perinatal em 40% dos casos.
A sífilis adquirida é dividida em primária, secundária, terciária e latente. Sua apresentação em recém-nascidos (RN) é variável, sendo assintomática em 70% dos casos. Estima-se mais de 1 milhão de casos de sífilis gestacional anualmente no mundo, dos quais 65% têm risco de desfecho adverso. Para mudança do quadro epidemiológico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estipulou que, até 2015, os países alcançassem ≤ 0,5 caso de SC por 1000 NV – nascidos vivos.
No Brasil, foram diagnosticados 62.599 casos de sífilis em gestantes e 26.219 casos de SC em 2018, destes 241 evoluíram a óbito. O país alcançou uma taxa de 9,0 casos de SC/ 1000 NV, dado acompanhado de uma taxa de 21,4/1000 NV de sífilis gestacional. Na região Norte, as taxas são de: 7,1 casos de SC/1000 NV e 18,1 casos de sífilis em gestantes para a mesma proporção.
As notificações compulsórias, tanto da SC quanto da sífilis gestacional, são garantidas pelas Portarias nº 542 de 1986 e nº 33 de 2005, respectivamente; sendo que identificar infecção materna no período pré-natal, parto e puerpério implica em notificação de sífilis gestacional, não adquirida.
O diagnóstico é feito por testes treponêmicos e não-treponêmicos. A medicação de escolha para tratamento é a benzilpenicilina benzatina para gestantes. Em casos de sífilis congênita, penicilina cristalina, procaína ou benzatina. Esta é a única com eficácia comprovada na gestação.
Após completude do esquema terapêutico, é preconizado o prosseguimento ambulatorial (controle de cura), o qual tem a função de avaliar o tratamento, controlar a reinfecção, determinando a possibilidade de retratamento. Faz-se testes não treponêmicos a cada 3 meses (até 12 meses) para puérperas; em casos de SC, deve-se realizar os testes aos 1, 3, 6, 12 e 18 meses de vida aliados a consultas ambulatoriais.
Em estudo realizado em Fortaleza, 44,2% dos profissionais pesquisados mostraram baixo conhecimento sobre controle de cura, resultado também encontrado em estudo anterior em Olinda. Os métodos de controle adotados no Brasil ainda enfrentam barreiras e que as diferenças regionais demandam estratégias distintas.
A preocupação acerca do seguimento terapêutico de puérperas e seus RN infectados após alta da maternidade, retornando à atenção primária – levou a refletir sobre como intervir nessa situação. O processo em saúde tem, como parte integrante, as tecnologias, pois estão presentes em seu fluxo de atendimento e o objeto é atendido com base em níveis tecnológicos na assistência. Dentre elas, existe a Tecnologia Cuidativo-educacional (TCE), emergente na Enfermagem. Essa forma tecnológica é alicerçada na inter-relação entre cuidar e educar (dimensões presentes na profissão), a fim de solucionar questões cotidianas do serviço.
Considerando o potencial da Tecnologia Cuidativo Educacional como forma de atuar na práxis cotidiana e dirimir demandas rotineiras, o estudo objetivou validar um instrumento para controle de cura sifilítica em puérperas e seus RN, após alta da maternidade.