Mapeia e sintetiza teorias de Enfermagem e estruturas conceituais que foram aplicadas na prática do cuidado de Enfermagem ao paciente vítima de Acidente Vascular Cerebral na atenção hospitalar.
As doenças cerebrovasculares, especialmente o Acidente Vascular Cerebral (AVC), são uma causa significativa de desfechos neurológicos desfavoráveis, mortes e incapacidades. Globalmente, o AVC foi a segunda principal causa de morte em 2019, com 12,2 milhões de casos incidentes, 101 milhões de casos prevalentes e 55 milhões de mortes. No Brasil, em 2020, o AVC foi responsável por 99.010 mortes, mantendo-se como a segunda causa de óbito no país.
O AVC é caracterizado por um comprometimento neurológico focal de origem vascular, podendo ser global com ocorrência súbita e duração superior a 24 horas, podendo levar à morte. Ele é a segunda principal causa de incapacidade em adultos em todo o mundo. De forma geral, existem dois tipos principais de AVC: isquêmico e hemorrágico, ambos resultando em hipóxia e danos nos tecidos cerebrais.
Estima-se que 74% das pessoas sobrevivem ao AVC, e 57% delas necessitarão de cuidados prestados pela família. No entanto, mesmo com as tecnologias de saúde disponíveis, a recuperação após um AVC é complexa e envolve aspectos sociais, biomédicos e psicológicos relacionados à saúde, bem-estar e qualidade de vida, com o apoio da equipe de enfermagem.
A equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental no cuidado ao paciente com AVC. Quando há uma compreensão aprofundada da condição clínica do paciente e das alterações causadas pelo acidente, as condutas assistenciais podem ser direcionadas para atender às necessidades específicas do paciente.
Atualmente, a enfermagem está sendo afirmada como uma profissão com conhecimento próprio, e os enfermeiros precisam conduzir suas práticas com base no conhecimento científico respaldado por várias organizações governamentais e pela categoria em todo o mundo. Essas organizações destacam a importância de profissionais capazes de adotar medidas preventivas, curativas, reabilitadoras e promotoras da saúde na população. As teorias desempenham um papel fundamental nessa ciência, fornecendo embasamento teórico e prático para os enfermeiros.
As teorias de enfermagem fundamentam-se em fenômenos específicos no âmbito da profissão. Dessa forma, produzem ideias que apontam a essência da prática, oferecendo oportunidades para uma compreensão mais ampla e criteriosa. Trazem uma contribuição relevante, especialmente por meio da ampliação do entendimento do conceito de boas práticas de enfermagem.
Elas se mostram úteis na explicação, descrição e prescrição de medidas na prática assistencial, respaldando o conhecimento e as práticas de enfermagem. Assim, a construção, validação e discussão das teorias de enfermagem são essenciais para orientar o avanço da enfermagem como ciência e profissão.
Nesse contexto, as teorias de enfermagem/modelo teórico podem contribuir para a prestação de uma assistência competente, melhorando a qualidade, uma vez que permitem aos enfermeiros articular o que fazem com os pacientes e por que o fazem. Há evidências que apontam que os cuidados de enfermagem desenvolvidos a partir das lentes de uma teoria melhoram os resultados, demonstrando a utilidade da prática teórica.
No entanto, ainda são escassos os estudos que abordam e apresentam teorias de enfermagem voltadas ao cuidado da vítima de AVC. A literatura existente, que não é específica da enfermagem, e os dados relacionados ao uso de teorias em contextos práticos do cuidado de enfermagem, especialmente em relação ao AVC, são limitados. Além disso, a inclusão das teorias na prática do enfermeiro configura-se como uma dificuldade recorrente.
Os resultados obtidos neste estudo podem fornecer subsídios para a produção de conhecimento na área e auxiliar os enfermeiros na organização de suas ações, por meio da aproximação e apropriação das teorias, promovendo um cuidado padronizado e sistematizado. A qualidade do cuidado de enfermagem pode contribuir para o aumento da sobrevida das pessoas afetadas por AVC e, sobretudo, para a prevenção de sequelas.
Além disso, esse conhecimento pode colaborar para a formação de novos profissionais, apoiando o desenvolvimento do cuidado centrado no paciente, considerando que isso é fundamental para a qualidade da assistência. Os dados também podem favorecer a valorização da experiência do paciente no processo de recuperação, preservando assim sua autonomia.