Tecnologia Cuidativo-Educacional Para o Autocuidado de Mulheres e Homens Com Estoma Intestinal Mediado Pela Aromaterapia

9 de agosto de 2023 por filipesoaresImprimir Imprimir

Descreve o processo de elaboração de instrumento para orientar o autocuidado mediado pela aromaterapia de mulheres e homens com estomas intestinais.


A presença do estoma traz repercussões importantes na vida do indivíduo, as quais podem decorrer das complicações cirúrgicas, desarranjos intestinais na eliminação dos resíduos fecais, episódios dolorosos, emissão de odores desconfortáveis, tais como de perturbações de natureza psicoemocionais, sociais e espirituais. Desse modo, por se tratar de uma problemática complexa, envolvendo aspectos biopsicoespirituais, abre-se uma necessidade emergencial para a atuação dos profissionais de enfermagem e demais áreas da saúde.

aromaterapia

Foto: Prefeitura de Mogi das Cruzes.

Segundo a International Ostomy Association (IOA) estima-se que exista uma pessoa com estoma para cada 1.000 habitantes em países com bom nível de assistência médica. No Brasil a Associação Brasileira de Ostomizados, identificou, no ano de 2020, que aproximadamente 300 mil pessoas conviviam com um estoma intestinal no Brasil. Diante deste cenário, derivam problemáticas relevantes para o setor saúde, em que se destacam as questões individuais, familiares, culturais, religiosas, comunitárias, sociais, econômicas e de escolaridade/letramento.
Decorrem da vivência do estoma intestinal impactos no autocuidado das pessoas, provocando-lhes déficits de distintas naturezas. Neste sentido, o cuidado profissional em enfermagem torna-se imprescindível para o reconhecimento dos sistemas de cuidado humano, nos níveis de promoção do autocuidado atingível, a partir de uma intervenção, tal como dos requisitos de autocuidado eficazes para cada indivíduo, família ou coletividade, conforme orienta a Teoria do Déficit do Autocuidado proposta por Dorothea Orem.

Contribuições da Aromaterapia

Evidências científicas têm apontado contribuições no manejo clínico de pessoas que vivem com doenças e agravos crônicos, a exemplo das pessoas com estomas a partir da aromaterapia, que se configura como uma prática integrativa e complementar com amplo uso individual e/ou coletivo, podendo ser associada a outras práticas, considerada uma possibilidade de intervenção que potencializa os resultados do tratamento adotado. Entre essas contribuições, estudos têm a comprovação da eficácia dessa prática para melhora de condições de saúde, tais como alívio de ansiedade, estresse, melhora do sono, alívio da dor, melhora da autoestima, promoção do bem estar e melhora na qualidade de vida.
Ao compreender que cada pessoa possui a sua subjetividade, é salutar que os profissionais de enfermagem personalizem o cuidado, compreendendo de modo ampliado as variáveis sociais e clínicas, respeitando, por exemplo, as especificidades sexuais e de gênero, no cuidado às mulheres e homens que vivem com estomas. A despeito dessa problemática, a literatura tem apontado que as mulheres e os homens têm apresentado formas de viver e enfrentar a estomia intestinal de forma peculiar, associadas às construções sociais das feminilidades e masculinidades, que por sua vez, têm influência nos aspectos clínicos. As mulheres têm expressado com maior facilidade os sentimentos advindos da experiência, tal como os impactos causados pelo estoma intestinal à sexualidade, a saúde sexual, a autoimagem e o autoconceito, quando comparada aos homens, que vivenciam o isolamento social e a supressão das emoções.
Ao considerar que a aromaterapia mobiliza as funções do organismo, faz mister uma atenção singularizada aos aspectos relacionais de gênero, uma vez que tanto as mulheres quanto os homens poderão apresentar necessidades e especificidades distintas a serem consideradas durante o emprego dos óleos essenciais.

Tecnologia Cuidativo-Educacional

Dessa maneira, deve-se avançar no desenvolvimento de tecnologias de cuidado, tais como a Tecnologia Cuidativo-Educacional (TCE), como forma de dar respostas às demandas sociais e a práxis de Enfermagem. Nesta direção, a TCE emergente é utilizada neste estudo sob uma perspectiva teórico-conceitual de uma modelagem de desenvolvimento tecnológico, a qual considera os aspectos da inter-relação pessoa-pessoa, pessoa-ferramenta e/ou pessoa-universo. Tal conceito também tem relação com o cuidar-educar e o educar-cuidar de si e do outro, com vistas à autonomia e ao empoderamento do indivíduo em dado processo saúde-doença e condição de vida no contexto da práxis humana.
Este estudo foi guiado pela questão: Como se configura o desenvolvimento de uma Tecnologia Cuidativo-Educacional para o autocuidado mediado pela aromaterapia direcionado à mulheres e homens com estoma intestinal? Sendo assim, o objetivo deste estudo é descrever o processo de elaboração de instrumento para orientar o autocuidado mediado pela aromaterapia direcionado à mulheres e homens com estomas intestinais.
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