Verifica relações entre Sofrimento Moral e Satisfação profissional no Trabalho de Enfermeiros no contexto hospitalar.
A realização do trabalho da Enfermagem envolve a complexidade das relações multiprofissionais, e as condições de trabalho muitas vezes precárias oferecidas na instituição, o que inclui carência de recursos materiais e de pessoal de enfermagem. Essas dificuldades podem comprometer o desenvolvimento e o engajamento do profissional em relação ao trabalho e comprometer a qualidade do cuidado prestado, podendo deixar esses trabalhadores mais susceptíveis a conflitos e dilemas morais.
Em face desses aspectos os profissionais podem vivenciar sofrimento moral no trabalho, o que, por sua vez, pode apresentar implicações para a satisfação profissional, que é entendida como uma avaliação subjetiva do trabalhador sobre o quanto os aspectos laborais podem ser prejudiciais ou benéficos ao seu bem-estar. Assim apresentou-se como questão norteadora: “Qual a relação do sofrimento moral e satisfação profissional na atuação de enfermeiros no contexto hospitalar?” e, como objetivo verificar relações entre Sofrimento Moral e Satisfação profissional no Trabalho de Enfermeiros no contexto hospitalar.
Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), localizado na cidade de Santa Maria, RS. Os participantes foram 141 enfermeiros que atuavam há no mínimo três meses no serviço no período de coleta de dados, que foi de Janeiro a Março de 2015. Foram utilizados dois instrumentos, um para investigar a satisfação profissional denominado Índice de Satisfação Profissional (ISP), e outro para investigar o sofrimento moral, denominado Moral Distress Scale-Versão Brasileira. Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, análise fatorial e correlação de Spearman. Foram respeitados os aspectos éticos, de acordo com a Resolução 466/2012.
Conforme resultados se constatou um índice de satisfação profissional de 10,81, o qual pode ser compreendido como baixo, e que os componentes autonomia e interação estão entre os que mais influenciaram na satisfação dos enfermeiros. A maior intensidade de sofrimento moral se deu pelo fator falta de competência na equipe, e a maior frequência pelo fator condições de trabalho insuficientes. Não foram observadas correlações significativas entre os componentes de satisfação profissional e fatores de sofrimento moral, embora tenha se identificado correlação forte entre falta de competência na equipe e negação do papel da enfermeira como advogada do paciente, e moderada entre autonomia e normas organizacionais.
Conclui-se que são necessários novos estudos que possam identificar essa possível relação, e o desenvolvimento de estratégias que contribuam para um ambiente de trabalho mais saudável, em que a ocorrência de sofrimento moral seja minimizada e a satisfação profissional promovida.