Estudo revela que as mulheres relatam com maior frequência as morbidades que apresentam, elas buscam mais os serviços de saúde do que os homens. Na maioria das vezes, os homens ingressam no sistema de saúde por meio da média e alta complexidade, com enfermidades agravadas em estágios avançados, onde a possibilidade de cura não é mais considerada, como nos casos de neoplasias prostáticas severas.

A neoplasia acomete diversos locais do corpo, no entanto, em quase todos os casos desse processo mórbido, identifica-se uma característica em comum, que é a multiplicação descontrolada de células anormais. Essa multiplicação quando excessiva pode gerar metástases para vários órgãos e tecidos, ao invés de apenas um, levando a um problema generalizado.

Nos casos do câncer voltado apenas para um órgão, como é o caso da glândula prostática, a prostatectomia é a cirurgia indicada para o tratamento, podendo ser parcial ou radical. Quando radical, esse procedimento consiste na remoção total da próstata e das vesículas seminais, podendo desencadear consequências para vida do homem, principalmente com relação a função erétil, fato que, muitas vezes, influencia na não adesão do paciente ao tratamento.

A escassez de conhecimento dos pacientes sobre a doença e suas sequelas, interfere em vários aspectos sobre o tratamento, sendo aqueles vinculados ao tema sexualidade humana, as maiores fontes de angústia para a clientela jovem ou recém iniciada na vida sexual. Os adultos e, sobretudo, os idosos, também são afetados por essa escassez de conhecimento. Para aplacar essa angústia, a ciência tem tentado superar o moralismo que envolve o tema e procurado descobrir novos caminhos e respostas para esse tema tão complexo e controverso.

Nesse estudo, investigamos pacientes submetidos a prostatectomia parcial e radical, tendo em vista, que em ambos os casos o paciente pode sentir o comprometimento de sua função erétil. Padrões, culturalmente construídos, fazem com que o homem se torne vulnerável do ponto de vista emocional, quando aceita a necessidade de cuidado. Essa realidade faz com que, apesar da disponibilidade de exames e campanhas de prevenção do câncer de próstata pelo sistema de saúde, a procura seja mínima, visto que a grande maioria dos homens, ainda não incluiu na sua rotina, o hábito de buscar os serviços de saúde, mesmo diante de sintomas sugestivos de atenção médica, fazendo com que, doenças como o câncer de próstata tenham altos índices de incidência e prevalência, tornando-se problemas de saúde pública, apesar da existência e oferecimento de tratamentos efetivos.

Para aumentar a adesão ao tratamento das doenças prostáticas faz-se necessário uma atenção holística e esclarecedora sobre a doença, por parte da enfermagem, principalmente sobre os tratamentos e suas eventuais sequelas, visando a redução das preocupações causadas pela existência de mitos e ou realidades preconcebidas, sobre a perda da função erétil, sendo necessário para tanto, conhecer seus posicionamentos prévios sobre o pós-operatório.

A presente investigação acadêmica visou responder a seguinte questão norteadora: é mito ou verdade, que pacientes prostatectomizados têm medo do comprometimento da sua masculinidade, decorrente da cirurgia?

Considera-se que a compreensão da sexualidade humana por parte dos pacientes prostatectomizados, figura como imprescindível no processo de cuidado deste grupo de pacientes, posto que, dividido entre as opções pela cura da doença que o acometeu e a perda daquilo que o caracteriza como ser humano masculino, via de regra, os homens postergam sua ida aos serviços de saúde ou até mesmo, desistem das intervenções propostas.

O problema a ser superado com base nos resultados desta pesquisa é a compreensão preconcebida e sem alternativas, oferecidas pela literatura médica, repassada aos candidatos à prostatectomia, de que sua função erétil, estará para sempre comprometida, logo após a cirurgia. A literatura especializada, preconiza, que a cirurgia de próstata, atinge diretamente a qualidade da intimidade sexual; a interação com as mulheres e a percepção da masculinidade. Entretanto, há que ser levado em consideração, que nem sempre, essa literatura, detalha a questão da sexualidade, e suas possibilidades, para além daquilo que o senso comum costuma preconceber, ou seja, homem viril é aquele que tem relações sexuais rotineiras, é reprodutor e macho alfa de seu grupo familiar.