Traz conceitos, fisiopatologia, dados epidemiológicos relevantes, aspectos e protocolos para o tratamento da Sepse.
Sepse pode ser definida como a resposta sistêmica a uma doença infecciosa, seja ela causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Manifestando-se como diferentes estágios clínicos de um mesmo processo fisiopatológico, é um desafio para o médico de praticamente todas as especialidades, dada a necessidade de pronto reconhecimento e tratamento precoce. Assim, mesmo os profissionais não diretamente envolvidos em seu atendimento devem ser capazes de reconhecer os sintomas e sinais de gravidade e providenciar a referência imediata para que o tratamento possa ser feito.
A sepse vem adquirindo crescente importância devido ao aumento de sua incidência, seja pela melhoria no atendimento de emergência, fazendo com que mais pacientes graves sobrevivam ao insulto inicial; aumento da população idosa e do número de pacientes imunossuprimidos, criando assim uma população suscetível para o desenvolvimento de infecções graves.
Por anos, a pluralidade de definições para caracterizar o paciente com infecção grave constituiu importante limitação para o seu melhor conhecimento. As nomenclaturas anteriormente utilizadas, como septicemia, síndrome séptica ou infecção generalizada causavam inconvenientes tanto do ponto de vista assistencial como do ponto de vista de pesquisa. A não uniformidade dos critérios de inclusão em estudos clínicos, por exemplo, dificultava a avaliação da eficácia de tratamentos e a comparação entre diferentes estudos. Havia, assim, a necessidade de definições padronizadas para a identificação do paciente.
Um esforço foi feito em 1992 no sentido de padronizar essa nomenclatura. Essa reunião de consenso entre a Society Critical Care Medicine (SCCM) e o American College of Chest Physicians (ACCP), publicada em 1992, gerou uma série de definições que, a despeito de algumas limitações, continuam sendo utilizadas até hoje.
A diferenciação entre SRIS e sepse, por vezes, é difícil porque nem sempre é clara a presença de foco infeccioso. Esse diagnóstico diferencial torna-se um desafio, por exemplo, em pacientes com SRIS secundária a poli trauma ou cirurgia de grande porte. Caso esses pacientes passem a ter um foco infeccioso, seu diagnóstico correto é dificultado pela presença dos sinais de resposta inflamatória em resposta à agressão anterior. Por outro lado, pacientes imunossuprimidos ou com idade avançada podem manifestar disfunção orgânica e mesmo choque séptico, sem a presença dos sinais clássicos de SRIS.