Compreende o adoecimento mental de trabalhadores da Enfermagem atuantes nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) em municípios de fronteira.
Pesquisa realizada no município de Foz do Iguaçu-PR, cujo objetivo foi compreender o adoecimento mental de trabalhadores da enfermagem atuantes nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) deste município de fronteira, verificando a ocorrência de Transtornos mentais e comportamentais entre estes trabalhadores. Além disso, buscou-se entender como o território de fronteira contribui para as condições de adoecimento mental destes trabalhadores. Para isso, foi necessário compreender as percepções dos trabalhadores da enfermagem atuantes nas UBS do município sobre seu adoecimento mental na relação entre o território, trabalho, e o contexto da pandemia por Coronavírus (COVID-19).
Trata-se de um estudo descritivo, de abordagens quantitativa/qualitativa, desenvolvido em duas etapas, analisados a partir do referencial teórico do Materialismo Histórico Dialético e Clínica da Atividade. Realizou-se levantamento quantitativo para obter informações sobre perfil dos afastamentos do trabalho devido Transtornos mentais e comportamentais de trabalhadores da enfermagem nos anos de 2018-2021 e entrevista semiestruturada com 10 trabalhadoras da equipe de enfermagem.
Como resultados dos dados quantitativos, as características epidemiológicas dos trabalhadores de enfermagem afastados por Transtornos mentais e comportamentais são, em sua maioria, mulheres, na faixa etária de 42,7 anos. As idades do grupo avaliado ficaram entre 26 e 62 anos. Os transtornos mentais que estão acometendo a saúde mental de enfermeiras (os) e auxiliares de enfermagem são o Transtorno Fóbicos Ansiosos, classificados no CID-10 como F40. Quanto à função, auxiliares estão ficando afastados um período maior de tempo do trabalho do que as (os) enfermeiras (os).
Os resultados dos dados qualitativos mostraram que , o tempo de afastamento do trabalho é de sete a 120 dias de afastamento devido ao diagnóstico de Depressão e Síndrome do pânico autorreferido por elas. Todas correspondiam ao quadro de efetivas concursadas no município de fronteira. Com a união dos dados adquiridos pelas entrevistas semiestruturadas, pode-se construir nove categorias de análises. As características que mais se destacaram para a construção das categorias foram os sentimentos de insegurança, angústia, medo, desmotivação, falta de reconhecimento e desvalorização, sobrecarga, desgaste, desamparo, pressão, raiva e inutilidade sendo que as condições de trabalho durante a pandemia por COVID-19 podem ter proporcionado o agravamento da saúde mental destas trabalhadoras.
Portanto, pode-se compreender que o trabalho na enfermagem em município de fronteira contribui para o adoecimento mental dos trabalhadores da equipe da enfermagem devido à forma como o trabalho da enfermagem em região de fronteira está organizado e as condições sob as quais é exercido, que se referem a excesso de demandas, número insuficiente de trabalhadores, baixos salários, falta de transparência no serviço público de saúde, influência de mudanças na gestão do município, repasse de informações de forma hierarquizada, entre outros.