Identifica os conteúdos que integram os saberes sobre saúde entre adolescentes do ensino médio.
A adolescência apresenta características biológicas próprias, porém o adolescente não pode ser visto apenas um ser biológico, mas também como ser social, que sofre influência direta de seu meio, interferindo no seu agir. Importa considerar o sujeito com seu universo de significados que traduz como se apropria do conhecimento, influenciando seu modo de pensar, agir e compartilhar esse conhecimento.
Dessa forma, reconhece-se que planejamento, desenvolvimento e avaliação de ações de promoção à saúde do adolescente permanecem como importante desafio às políticas públicas, tendo em vista que esse período é complexo para estabelecer comportamentos de saúde e diversas as situações que representam vulnerabilidade à saúde desse grupo.
Na rotina de suas práticas, os profissionais de saúde reconhecem a dificuldade em desenvolver atividades que despertem a atenção dos adolescentes. Talvez a falta de participação direta deles nos serviços de saúde para cuidar de si seja reflexo da necessidade de compreender os múltiplos fatores aos quais está relacionada a sua pertença, atentando-se não apenas aos aspectos biológicos desse período de transição, mas também seus papéis, valores, crenças e atitudes.
Nesse contexto, os serviços da Atenção Primária à Saúde (APS), por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), priorizam ações de promoção, proteção e recuperação de saúde, de forma integral e continuada. A ESF, como forma de reorganização da APS, busca fortalecer-se como porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), reafirmando princípios e diretrizes propostos pelas políticas de saúde, desconstruindo o paradigma do modelo de atenção curativista, hospitalocêntrico e pouco resolutivo, visando ações integrais e contínuas, por intermédio do empoderamento da população a ações de educação em saúde.
A promoção da saúde é estratégia na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde. Foi a partir dessas necessidades, com o objetivo de promover a saúde das crianças e adolescentes no âmbito escolar, que se instituiu, em 2007, o Programa Saúde na Escola (PSE), considerando-a espaço privilegiado para práticas de promoção e prevenção de agravos à saúde, tornando a articulação entre escola e Unidade de Saúde importante demanda do PSE.
Discute-se que os profissionais de saúde têm poucas oportunidades de articulação com a educação formal para desenvolver ações com adolescentes no âmbito da escola e, quando possível, se dão de modo pontual e descontínuo, o que corrobora a necessidade de fortalecer essa parceria.
Constata-se que poucas pesquisas, até o momento, analisaram o que pensam os adolescentes sobre sua saúde, no intuito de repensar práticas educativas direcionadas a eles. Vale ressaltar a importância de conhecer essas percepções para guiar práticas desenvolvidas pelos profissionais e, assim, efetivar a premissa da promoção da saúde como ação inerente à APS. A ESF, por estar intimamente ligada à comunidade, é cenário favorável ao desenvolvimento de ações de prevenção e promoção da saúde, pautadas na real necessidade do usuário.
Partindo do pressuposto que a ESF precisa intensificar e ampliar o escopo de ações à prevenção das vulnerabilidades à saúde na adolescência, e considerando que conhecer os saberes dos adolescentes sobre sua saúde é imprescindível para planejar e avaliar as ações de saúde para esse grupo, delineou-se o seguinte objetivo: Identificar os conteúdos que integram os saberes sobre saúde entre adolescentes do ensino médio.