Analisa a integridade das máscaras N95/PFF2 em relação à morfologia das fibras, porosidade, fissuras e micro furos, bem como identifica danos visíveis em sua estrutura e componentes, após protocolos de reutilização de sete e quinze dias.
A máscara N95/PFF2 é o principal Equipamento de Proteção Individual (EPI) utilizado na prevenção e controle de doenças respiratórias como tuberculose, sarampo, COVID-19 e influenza H5N1. A integridade estrutural das máscaras N95/PFF2 é essencial para garantir a adaptação facial e uma eficiência mínima de filtração de 95% de partículas transportadas pelo ar de até 0,3 mícrons (µm), a fim de assegurar a segurança dos profissionais de saúde.
A Occupational Safety and Health Administration (OSHA) estabelece que a máscara N95/PFF2 seja utilizada apenas uma vez e descartada imediatamente após o uso. Contudo, a escassez do equipamento durante epidemias, como a influenza H1N1 em 2009, Síndrome Respiratória do Oriente Médio em 2012 e a pandemia de COVID-19, levou órgãos como o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e outras organizações de saúde a recomendarem a implementação de protocolos de reutilização limitada. Esses protocolos incluem a utilização das máscaras N95/PFF2 em múltiplos atendimentos ou turnos de trabalhos, seguidos por sua remoção e armazenamento para uso subsequente.
Apesar de serem justificáveis devido à escassez do dispositivo, tais recomendações podem comprometer a integridade estrutural das máscaras N95/PFF2, resultando em possíveis prejuízos à proteção respiratória oferecida aos usuários. De fato, estudos conduzidos entre profissionais que atuam em serviços de emergência mostraram que máscaras N95/PFF2 reutilizadas por mais de três turnos de oito horas apresentaram taxas consideravelmente altas de falha (≥ 40%) nos testes de vedação, fenômeno possivelmente atribuído ao ajuste inadequado do EPI ao rosto.
Riscos adicionais associados aos protocolos de reutilização englobam a necessidade inerente à prática clínica de que os profissionais de saúde façam pausas para tarefas como uso de banheiro, refeições e até descanso da face. Estas circunstâncias implicam em um maior número de paramentações e desparamentações, que podem conduzir à deterioração dos componentes das máscaras N95/PFF2, como o afrouxamento ou rompimento das tiras de fixação, quebras do clipe nasal, dobras, fissuras e rasgos.
As máscaras N95/PFF2 são frequentemente constituídas por quatro camadas distintas: duas camadas intermediárias responsáveis pela filtragem e sustentação, e camadas externas e internas que não filtram partículas. A eficácia de filtração de uma máscara N95/PFF2 está diretamente relacionada à preservação das características morfológicas das fibras em cada camada. No entanto, a degradação do material filtrante pode não ser detectada pelos profissionais de saúde, resultando em potencial redução na proteção respiratória.
Estudos anteriores sobre o impacto da reutilização das máscaras N95/PFF2 basearam-se principalmente em testar a vedação e realizar a inspeção visual. No entanto, esses métodos podem ser insuficientes quando se busca uma avaliação objetiva da eficácia das máscaras N95/PFF2. Além disso, a falta de diretrizes claras quanto ao tempo máximo de reuso deixa uma lacuna no conhecimento.
Para abordar essa lacuna, este estudo adota uma estratégia abrangente que combina a inspeção visual tradicional com técnica avançada, como a microscopia eletrônica de varredura (MEV). Essa abordagem permite uma análise mais detalhada e precisa, capaz de identificar danos morfológicos microscópicos que podem não ser visualizados a olho nu.
Devido à escassez de evidências sobre o tempo seguro de reutilização das máscaras N95/PFF2, que assegure a preservação da integridade estrutural, este estudo tem como objetivo analisar a integridade das máscaras N95/PFF2 em relação à morfologia das fibras, porosidade, fissuras e micro furos, bem como identificar danos visíveis em sua estrutura e componentes, após protocolos de reutilização de sete e quinze dias.