Destaca a importância do Rastreamento e suas implicações no cotidiano das equipes de Saúde da Família.
O processo do cuidado integral à saúde é missão básica do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Atenção Primária à Saúde (APS) por meio da Estratégia Saúde da Família. Ele envolve a promoção da saúde, a redução de risco ou manutenção de baixo risco. A detecção precoce e o rastreamento de doenças, assim como o tratamento e a reabilitação.
A realidade do cuidado nos serviços de APS é complexa e cheia de incertezas. E nela os rastreamentos oportunísticos se mesclam com o cuidado clínico cotidiano, quer por iniciativa do paciente, quer por iniciativa do profissional ou por demanda institucional local. Um cuidado efetivo das pessoas requer atenção à experiência pessoal do processo de saúde, sofrimento e doença, bem como entendê-las no contexto de vida e sociocultural para chegar a uma abordagem compartilhada com respeito à atenção à saúde.
A questão do rastreamento e do diagnóstico ou detecção precoce de doenças é tema relevante na prática da Atenção Primária à Saúde e este caderno tem como objetivo destacar a importância do tema e de suas implicações no cotidiano das equipes de Saúde da Família, bem como apresentar algumas das recomendações atuais a respeito do câncer e outras condições clínicas.
Outro motivo que torna o tema do rastreamento e da detecção precoce importante é o processo de medicalização social intenso. Que pode gerar intervenções diagnósticas e terapêuticas excessivas e, por vezes, danosas. Nesse contexto, está o recente reconhecimento da iatrogenia como importante causa de má saúde. O que deu origem, entre os médicos generalistas europeus, ao conceito e à prática da prevenção quaternária, relacionada a toda ação que atenua ou evita as consequências do intervencionismo médico excessivo.
Nesse sentido, uma melhor compreensão dos princípios do rastreamento e dos conceitos sobre evidências (medicina baseada em evidências) e sobre epidemiologia clínica aplicada ao cuidado (prevalência, sensibilidade, especificidade, risco relativo e absoluto e sua redução, valores preditivos dos testes diagnósticos etc). Em muito contribui para uma melhor e mais fundamentada qualificação da atividade clínica.