Avalia a qualidade de vida dos estudantes de graduação em Enfermagem de uma Instituição de Ensino Superior de natureza pública.
Definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “uma percepção individual de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores em que vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, a Qualidade de Vida (QV) é um conceito multidimensional complexo que abrange autonomia, percepções individuais e subjetivas as quais envolvem a harmonização dos aspectos biopsicossociais.
Devido à sua amplitude conceitual, a literatura estratifica a QV em domínios sem, no entanto, padronizá-los. Apesar da diversidade de abordagens entre os autores, é possível perceber a existência de uma relação entre a Qualidade de Vida e conceitos como os de bem-estar, felicidade, satisfação, entre outros. Assim, dependendo do ponto de vista, um mesmo domínio pode ser apresentado separadamente ou como componente de outro.
A partir da relação estrutural entre a QV e as percepções do indivíduo, pode-se dizer que há fatores ao longo da vida que interferem no entendimento que cada pessoa tem de sua própria Qualidade de Vida. O ingresso à universidade constitui-se fortemente como um desses fatores, pois é um período importante da vida, que promove transformações significantes e requer mudanças importantes que repercutem no desempenho acadêmico. Exige respostas adaptativas que provocam insegurança, ansiedade e necessidade de satisfação das expectativas de vida, sociais e familiares. No decorrer dos estudos, o estresse surge com as muitas atividades e compromissos acadêmicos e pode se agravar progressivamente ao longo do curso. Este é um período crítico, de transição para a vida adulta e causador de vulnerabilidades; desgastes físicos e mentais, que pode comprometer a aprendizagem. É indubitável que a resiliência seja fundamental para a sobrevivência na rotina universitária.
Assim, a Qualidade de Vida dos acadêmicos é influenciada pelos aspectos biopsicossociais e espirituais ligados às grandes demandas do processo formativo, tais como: estar no primeiro e/ou no último semestre, hábitos alimentares insatisfatórios, carga horária acadêmica extensa, a falta de tempo para atividades extracurriculares, esporte e lazer, bem como a distância e dificuldades de locomoção no trajeto casa-instituição, a redução do tempo de sono/repouso, o excesso de compromissos, atividades e desempenho acadêmico, que podem ser agravados pela desorganização de disciplinas, e os relacionamentos conflituosos com discentes e docentes.
Ressalta-se que graduandos estão mais expostos ao uso de substâncias psicoativas. A cafeína é frequentemente usada em situações de sonolência para produzir efeito estimulante e aumentar o rendimento acadêmico. Porém, esta e outras substâncias como o álcool e a nicotina são fatores de risco para doenças e podem agravar transtornos, acarretar problemas psíquicos e sociais, e piora a qualidade do sono, essencial ao ser humano, por constituir um processo biológico importante no restabelecimento da homeostase de atividades orgânicas.
Os graduandos da área da saúde apresentam níveis maiores de ansiedade quando comparados às demais áreas. Os acadêmicos da enfermagem apresentam elevada exacerbação de sintomas de estresse, levando em consideração a exposição mais frequente a conflitos éticos que desencadeia estresse de alto nível.
A Enfermagem considera a individualidade e interculturalidade das pessoas para agir com habilidade, humanização e conhecimentos científicos na atenção à saúde. Entretanto, a academia tem se tornado cada vez mais exigente e estressante, devido a fatores comprometedores da rotina dos estudantes como a má alimentação, ou falta dela, e a ausência de sono restaurador causada pela necessidade de cumprir seus afazeres universitários.
O uso de método de ensino e aprendizagem baseado em problemas, que incentiva o raciocínio clínico, tende a ser mais estressantes durante a graduação do que os métodos de aulas expositivas. É uma via de mão dupla, uma vez que é necessário para estimular a aquisição de conhecimentos importantes, mas que traz consigo um excessivo estresse que pode interferir nesse processo.
A valorização do bem-estar dos estudantes é a promotora do sucesso educacional e profissional. Existem seis componentes dos comportamentos de promoção da saúde; nutrição, atividade física, responsabilidade em saúde, relações interpessoais, crescimento espiritual e gerenciamento do estresse. Promover Qualidade de Vida para os acadêmicos, influencia no processo de humanização, que pode ser aprimorado, uma vez que sentir-se bem, reflete na forma de cuidar do outro. Torna-se necessário que o processo de aprendizagem avalie as influências na experiência e no resultado dos acadêmicos, como os fatores individuais e contextuais, e priorize a manutenção do bem-estar, pois caso não corrigidas, podem tornar-se irreversíveis as lesões fisiológicas e psicológicas: dores lombares, alteração das taxas de anticorpos, imunoglobulinas, aumento da produção de cortisol e doenças oportunistas associadas à baixa imunidade, depressão e outros transtornos mentais.
Frente ao exposto, pergunta-se: como está a qualidade de vida de acadêmicos de enfermagem? Quais os fatores que podem interferir na qualidade de vida? Assim, esse estudo objetiva avaliar a qualidade de vida dos estudantes de graduação em enfermagem de uma Instituição de Ensino Superior (IES), de natureza pública do Distrito Federal (DF).