Planejamento em Enfermagem: Aplicação do Processo de Enfermagem na Prática Administrativa

15 de julho de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Apresenta uma forma de sistematizar o processo de Planejamento em Enfermagem.


A valorização das funções administrativas do enfermeiro, além do cuidado direto com o usuário, é considerada de importância para a construção de conhecimento específico da Enfermagem, bem como para o enfrentamento dos desafios propostos pelo sistema de saúde, buscando a autonomia dos sujeitos que operam o trabalho em saúde, com vistas ao gerenciamento do cuidado. Nos diversos serviços de saúde, a gerência de Enfermagem, além de organizar o processo de trabalho da Enfermagem, tem adquirido importância, até de forma essencial, na articulação entre os vários profissionais da equipe, buscando consolidar as ações a serem realizadas junto aos usuários do sistema de saúde.

O processo administrativo, por sua vez, envolve, na sua forma clássica, a execução sequencial das funções administrativas, como planejar, organizar, dirigir e controlar. A função planejar é considerada a primeira e uma das mais importantes funções administrativas, em função de servir de base para as demais funções administrativas. O ato de planejar está incorporado em todas as funções do enfermeiro, servindo tanto para sistematizar o trabalho, como para prever mudanças e adequar os recursos visando propiciar o alcance dos objetivos propostos. Para o planejamento do cuidado, foram propostos vários métodos, geralmente denominados de Processo de Enfermagem.
Na saúde, são amplamente utilizadas as vertentes de planejamento estratégico propostas pela Escola de Medellín (Enfoque Estratégico da Programação em Saúde), por Mario Testa (Pensamento Estratégico) e, principalmente, por Carlos Matus (Planejamento Estratégico Situacional). Essas vertentes se contrapõem ao modelo de planejamento do CENDES-OPS (Centro Nacional de Desenvolvimento – Organização Pan-americana de Saúde, localizada na Universidade Central da Venezuela), combatido e considerado normativo. Embora se perceba uma forte influência da técnica CENDES/OPS, como forma de racionalizar os recursos e o processo de trabalho, este é caracterizado pela valorização excessiva da produtividade e pela inércia em buscar novos modelos de trabalho.
O presente texto tem como objetivo apresentar uma forma de sistematizar o processo de Planejamento em Enfermagem, através da combinação dos métodos de planejamento existentes nas ciências da Saúde empregadas na América Latina com elementos da ciência da Administração (elementos de métodos de análise e melhoria de processos desenvolvidos em programas de gestão da qualidade total) e organizados segundo a estrutura metodológica do Processo de Enfermagem, dentro dos cinco momentos distintos e interdependentes, identificados como investigação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação.
Não é retratado o PES como proposto por Carlos Matus, mas um pinçamento de elementos essenciais da base conceitual proposta e adaptada à estrutura do método de planejamento próprio da Enfermagem – o Processo de Enfermagem, potencializando o papel do enfermeiro enquanto gerente do processo de Planejamento em Enfermagem, e até no setor de Saúde, promovendo autonomia dos sujeitos/atores (trabalhador e usuário) e mudança das práticas de Enfermagem e de Saúde.
Partindo do pressuposto de que não existe “a teoria” ou “o método” de planejamento e que o melhor método é aquele que melhor ajudar numa determinada situação, torna-se pouco provável que, na prática, alguém siga a risca um determinado método. É mais provável que no encadeamento do trabalho os profissionais vão incorporando diversos instrumentos de trabalho retirados de muitas partes. E, como o próprio Matus aconselha, é necessário combinar métodos distintos, conforme o nível de hierarquia e de complexidades dos problemas.
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