Conhece a percepção dos profissionais de Enfermagem sobre os pacientes com comportamento suicida e verifica o cuidado prestado pela equipe a esses pacientes.
O suicídio se constitui um grave problema de saúde pública mundial. Trata-se de um comportamento de causa multifatorial, em que o ato suicida é a consequência final de um processo. É um conjunto de fatores interligados e que abrange aspectos que se expressam na vida das pessoas, como os componentes psicológicos, biológicos, culturais, socioambientais, econômicos e genéticos.
O comportamento suicida não envolve somente o ato deliberado de morte autoinflingida, mas também a tentativa de suicídio (comportamento autoagressivo sem evolução fatal), planos e ideações suicidas (representação mental sobre como acabar com a própria vida), que são atos passiveis de intervenção profissional a fim de evitar a consumação do ato.
Mesmo sendo subnotificado, o suicídio encontra-se entre as dez principais causas de morte no mundo e entre as três primeiras quando considerada a faixa etária de 15 a 44 anos. Nas últimas quatro décadas, o número de casos de suicídio aumentaram em 60%, e as estimativas é que as tentativas sejam 20 vezes mais frequentes em relação aos atos consumados.
No Brasil, há dois ambientes com maior frequência de suicídios, em primeiro lugar a própria casa do indivíduo (51%) seguido dos hospitais (26%). A incidência de suicídios em hospitais gerais é alta com estimativa de ser até cinco vezes maior que na população geral. São vários os fatores que podem contribuir para essa previsão: a estrutura ambiental com janelas sem proteção em andares elevados, acesso indevido a medicações e a objetos perfurocortantes, banheiros com trancas, falta de preparo ou atenção da equipe de saúde; causas situacionais de aumento da ansiedade e depressão, como, longo período de internação, discussão sobre o prognóstico, espera pelo resultado de exames, além das situações de risco relacionadas à própria clínica do indivíduo.
Estudos têm descrito que o sofrimento humano que envolve o comportamento suicida por pacientes em hospitais, por vezes, não é percebido, avaliado e/ou foco das intervenções dos profissionais de saúde. Quando há divisão entre a saúde mental e a física, comumente surge a tendência dos profissionais priorizarem as necessidades físicas, deixando as questões psíquicas e emocionais de lado ou em segundo plano, o que inviabiliza contemplar a multidimensionalidade da pessoa, assim como a integralidade do cuidado.
Diante disso, verifica-se que os profissionais de enfermagem podem exercer um papel imprescindível na efetivação de estratégias de proteção e prevenção do comportamento suicida, uma vez que têm a seu favor a característica de serem aqueles que permanecem maior tempo à beira do leito, o que lhes proporcionam maiores condições de observação do paciente, mas, para tanto, devem estar qualificados para identificar características subjetivas do paciente com potencialidade suicida: desesperança, desespero e desamparo, bem como pensamentos e atitudes que evidenciam. O impacto sobre o cuidado desejado e positivo sobre o comportamento suicida deve levar em consideração a utilização correta de estratégias de prevenção, envolvendo atitudes de apoio e não julgadoras, que fortaleçam o esforço integrado de todos os profissionais, inclusive os de enfermagem.
Diante do exposto, estabeleceram-se os seguintes objetivos neste estudo: conhecer a percepção dos profissionais de enfermagem sobre os pacientes com comportamento suicida e verificar o cuidado prestado pela equipe a esses pacientes.