Pé Diabético na Atenção Primária: Rastreamento de Neuropatia e Doença Arterial Periférica

18 de maio de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avalia proporção de evidências de neuropatia e doença arterial periférica e identificar sua relação com variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e clínicas com a classificação de risco relacionado aos pés de pessoas com Diabetes Mellitus.


O Diabetes Mellitus (DM) é identificado como problema de saúde pública com prevalência crescente. Atualmente, 463 milhões de adultos têm DM no mundo e 374 milhões têm intolerância à glicose, com forte tendência a desenvolver a doença no futuro e estima-se que, no ano de 2045, o número de pessoas com DM seja de 486 milhões. Em 2019, a prevalência de DM na região das Américas Central e do Sul foi de 31,6 milhões, sendo 16,8 milhões no Brasil; este ocupando o terceiro lugar para o diabetes infantil e o quinto lugar para o diabetes no adulto no rank mundial.

Pé Diabético na Atenção Primária: Rastreamento de Neuropatia e Doença Arterial Periférica

Pé Diabético na Atenção Primária: Rastreamento de Neuropatia e Doença Arterial Periférica. Foto: Divulgação.

Com a elevação da prevalência de DM, é provável o aumento concomitante de suas complicações, e os problemas nos pés estão entre estas. Pessoas com hiperglicemia em longo prazo tendem a ter complicações específicas devido a danos nos pequenos vasos sanguíneos e ao sistema nervoso. Algumas dessas complicações microvasculares são polineuropatia diabética, síndrome do pé diabético (SPD) e outras anormalidades clínicas dos membros inferiores, com aumento do risco de amputações. A SPD é favorecida tanto pela neuropatia diabética periférica (NPD) quanto pela doença arterial obstrutiva periférica-DAP.

Independentemente do tipo de diabetes, a NPD afeta aproximadamente 50 a 75% das pessoas com diabetes entre cinco e dez anos após o início da doença. Semelhante a outras complicações, a NPD parece progredir e muitas vezes é subnotificada e difícil de diagnosticar e tratar. A American Diabetes Association, recomenda o rastreamento da neuropatia periférica no momento do diagnóstico de diabetes e pelo menos uma vez por ano, usando testes clínicos simples.

A DAP é cinco a dez vezes de maior ocorrência em pessoas com DM do que em pessoas não diabéticas. Estudos epidemiológicos precisos sobre DAP são escassos pelo fato de que apenas 10% das pessoas acometidas por essa patologia apresentam o sintoma típico, a claudicação intermitente. Isso resulta em grande parcela da população com doença pré-clínica ou sintomas incomuns que podem não ser explicados. Diante disso, as estimativas de prevalência têm se baseado em triagem da comunidade ou dados sobre pessoas sintomáticas.

Pé Diabético na Atenção Primária

O objetivo da vigilância do diabetes, que é financiado pelo Ministério da Saúde – MS, é rastrear de forma sistemática e contínua o DM e suas complicações para o tratamento precoce, a fim de prevenir incapacidades permanentes, para tanto, considera que a “Atenção Básica-AB é o local ideal para o seguimento integral da pessoa com DM, pois ela é o nível de atenção mais próximo da população e é responsável pelo cuidado longitudinal, integral e coordenado de sua população de referência”. Assim, justifica-se o estudo em questão, pois rastrear a NPD e a DAP em pessoas com DM que realizam seguimento na APS e correlacioná-las com variáveis sociodemográficas e clínicas, para prestar assistência adequada e coerente com suas necessidades, é parte das propostas nacionais e locais para atender à demanda do DM e suas complicações.

Nesse contexto, a questão de pesquisa foi: Qual a proporção de evidências de neuropatia e doença arterial periférica e sua relação entre variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e clínicas, em pessoas com diabetes mellitus atendidas em três unidades básicas de saúde no município de Macapá? Estabeleceu-se a seguinte hipótese: Há grande proporção de evidências de neuropatia e doença arterial periférica e estas apresentam relação com variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e clínicas na população estudada. Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a proporção de evidências de neuropatia e doença arterial periférica e identificar sua relação com as variáveis sociodemográficas (idade, renda financeira), hábitos de vida (uso de fumo, uso de álcool), clínicas (índice de massa corporal, tempo de diagnóstico de DM, glicemia casual) e com a classificação de risco relacionado ao pé de pessoas com Diabete Mellitus.

Compartilhar