2 de maio de 2022 por filipesoares
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Discute o papel da Enfermagem na promoção da sustentabilidade em comunidades vulneráveis.
A Enfermagem tem evoluído como profissão e ciência, ampliando suas funções e competências respaldadas em evidências científicas. Seu exercício perpassa e acompanha a evolução do conceito de saúde, que abrange o indivíduo de forma holística, considerando o contexto social, espiritual, cultural e econômico.
O Papel da Enfermagem Para a Promoção da Sustentabilidade em Populações Vulneráveis. Foto: EBC.
Desta forma, ao longo dos anos, diversos espaços de atuação foram conquistados, a fim de fortalecer a promoção da saúde e qualidade de vida dos indivíduos, famílias, grupos e coletividade. Assim, busca-se contemplar, em especial, as populações vulneráveis, as quais evidenciam condições de saúde precárias, que exigem atenção diferenciada com ações e estratégias de saúde que supram suas demandas, atendendo ao princípio de equidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
Dentre os grupos populacionais vulneráveis, pode-se citar os remanescentes de quilombos, que são definidos como grupos étnico-raciais, com premissa de ancestralidade negra, com cultura particular e que se distribui no território brasileiro. Concentram-se, principalmente, em locais afastados dos centros urbanos, ficando em desvantagem em relação aos serviços disponibilizados pelo poder público, trazendo como consequências escassez de emprego, de acesso à saúde, educação, lazer e transporte. Impõe, além de condições precárias de moradia e saneamento básico, desprovimento de infraestrutura e investimentos sociais fundamentais.
Pesquisa realizada em uma comunidade Quilombola identifica que, em relação à escolaridade, metade das informantes possuía apenas o Ensino Fundamental e a ocupação majoritária foi a mariscagem. Foram encontrados como atividades: dona de casa, faxineira, artesã e comerciante. Quase a totalidade, relatou ser beneficiada pelo Programa Bolsa Família, tendo como mediana renda familiar R$ 890,00 e renda domiciliar per capita R$ 212,50. Em adição, o acesso a serviços de urgência/emergência é dificultado por fatores como distância dos núcleos urbanos e insuficiência de transportes.
O acesso geográfico está relacionado à distância, às barreiras a serem transpostas, ao tempo de deslocamento e meios de transporte a serem disponibilizados até o serviço de saúde. O deslocamento e a locomoção difíceis em busca de atendimento de saúde também são destaque em estudos. Esse contexto precário de subsistência contribui para a permanência em condições de exclusão e marginalização desse grupo étnico, o que impacta de forma negativa em sua saúde.
Para que a enfermagem possa planejar ações que sejam eficazes a esta clientela, deve-se ter como premissa a peculiaridade da cultura, manifestada em seu cotidiano pois, a partir dos valores culturais das comunidades em questão, busca-se contribuir para a melhoria da qualidade de vida de seus membros por meio de ações sustentáveis. Para tanto, faz-se necessário lançar mão da Teoria do Cuidado Transcultural e, por meio de estratégias em conjunto com a comunidade, desenvolver ações para a melhoria da saúde e da qualidade de vida.
No intuito de promover a saúde das comunidades quilombolas (CQ) a enfermagem apropria-se do conceito de sustentabilidade interligado à saúde e age de forma a potencializar os saberes e práticas destas, estimulando os indivíduos a assumirem o papel de protagonistas sociais. Assim, contribui para diminuição das iniquidades e favorece o crescimento econômico por meio de processos sustentáveis, com consequente melhoria da qualidade de vida e saúde. Diante dessas novas práticas, o enfermeiro exerce o papel de multiplicador dos princípios sustentáveis na inter relação da prática de enfermagem e a sustentabilidade ambiental, relacionados ao conceito de saúde.
Nesse contexto, objetivamos discutir o papel da enfermagem para a promoção da sustentabilidade em comunidades vulneráveis com base na da Teoria do Cuidado Transcultural.
