Os Riscos da Detecção Tardia de Sífilis Gestacional na Perspectiva da Enfermagem

21 de outubro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Compreende os riscos do diagnóstico tardio da sífilis gestacional na perspectiva de enfermeiros(as).


A sífilis é uma patologia infectocontagiosa crônica que foi descoberta por volta do final no século XV no continente europeu, e se disseminou por todos os países se tornando uma das principais calamidades mundiais. Alguns autores acreditam que essa doença foi trazida pelos marinheiros espanhóis que haviam participado da descoberta da América, em contra partida, outros acreditam na hipótese de que seria pelas mutações e adaptações ocorridas por espécies de treponemas endêmicos do continente africano.

barriga de uma grávida com pintas sendo examinada por um médico com um estetoscópio.

Agência Cora Coralina de Notícias. Foto: Patrícia Borges

Na atualidade a sífilis é uma das doenças de maior impacto e desafios para a saúde comunitária no Brasil, tendo em vista o seu alto custo no tratamento de forma direta e indireta, resultante de internações e procedimentos para o tratamento de suas complicações. Ela é transmitida por via sexual (vaginal, anal e oral), placentária (vertical) ou por transfusão sanguínea, sendo o seu agente etiológico a bactéria Treponema pallidum.
No que concerne a sífilis durante a gestação, ela também tem crescido significativamente em todo o mundo. No Brasil, foram notificados 61.127 mil casos de mulheres grávidas com a infecção, uma taxa de 20,8% a cada 1.000 nascidos vivos em 2019, contudo, apesar da melhoria nas notificações, ainda persistem grandes problemas que carecem de vigilância e análise confiável das notificações entre os estados da federação. A patologia, quando não manejada adequadamente, acarreta desfechos negativos como o óbito fetal e/ou materno.
A Organização Mundial da Saúde estima que no mundo exista uma faixa de 1 milhão de casos notificados de infecções sexualmente transmissíveis por dia, em especial os de sífilis gestacional, que acarretam mais de 300 mil mortes fetais e neonatais por ano no mundo todo, incluindo, ainda, 215 mil crianças com óbitos identificados por prematuridade.
No ano de 2011, foi criada pelo Ministério da Saúde a estratégia Rede Cegonha com o objetivo de oferecer um acompanhamento humanizado, além de um amplo conjunto de medidas que ofereçam à gestante uma qualidade digna no seu atendimento, desde o seu diagnóstico de gravidez, acompanhamento no pré-natal, parto, e até os primeiros anos de vida da criança. Essa implementação da rede trouxe consigo a oferta de testes rápidos para rastreio das infecções sexualmente transmissíveis, facilitando a assistência em saúde e possibilitando a descentralização do cuidado para áreas que ainda são carentes de assistência em saúde.
Apesar das estratégias já implementados no sentido de combater as infecções de via sexual, em especial a sífilis, se faz pertinente pontuar que há uma série de fatores que amplificam este agravo de saúde pública, por exemplo, a não aceitação do diagnóstico e/ou a adesão ao tratamento. Neste contexto, é fundamental o acompanhamento e rastreio da gestante por profissionais que compõem a unidade básica de saúde, em especial dos profissionais de enfermagem, visto que estes se comprometerão com o pré-natal, estabelecendo vínculos para que se tenha confiança e oportunizando uma assistência de saúde efetiva.
A enfermagem enfrenta diversos obstáculos no combate a esta patologia, sendo pertinente pontuar que além de uma população majoritariamente carente, em aspecto financeiro e de conhecimento sobre infecções sexuais, há outras parcelas da sociedade que estão vulneráveis aos riscos, como as mulheres encarceradas, com múltiplos parceiros e/ou profissionais do sexo, nesses grupos há um risco acentuado e grande índice de positividade dos testes rápidos.
Os(as) enfermeiros(as) desempenham papeis cruciais na redução dos riscos, prevenção, controle e tratamento da sífilis gestacional, apesar dos desafios inerentes ao sistema público de saúde. Esses profissionais desempenham funções essenciais na educação em saúde e conseguem estabelecer vínculos afetivos com a comunidade, seja por meio de estratégias durante o rastreamento de casos ou durante as consultas de enfermagem.
É evidente que a sífilis durante a gestação se tornou um sério agravo de saúde pública, levantando várias questões sobre os desafios enfrentados pela enfermagem na mitigação dos riscos associados ao diagnóstico tardio durante a gravidez. Diante disso, surge a seguinte pergunta: quais os desafios enfrentados pelos(as) enfermeiros(as) diante dos riscos decorrentes de detecção tardia da sífilis gestacional?
É importante discutir e compreender a complexidade desse tema para gerar reflexões valiosas que possam beneficiar os profissionais de saúde, especialmente os da enfermagem, no enfrentamento da sífilis. Isso inclui a busca por estratégias que ajudem a reduzir os riscos dessa infecção durante a gravidez, beneficiando diretamente as mulheres atendidas, bem como o seu concepto e os/as parceiros/as sexuais.
Em observâncias a estas questões, o estudo objetivou compreender os riscos do diagnóstico tardio da sífilis gestacional na perspectiva de enfermeiros(as).
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