Orientação à Inovação e Capacidade de Inovação na Atenção Primária à Saúde

6 de dezembro de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa a orientação para inovação e a capacidade inovadora da Atenção Primária à Saúde.


A Atenção Primária à Saúde, na qual a enfermagem tem uma representatividade significativa na assistência e na gestão, está inserida num contexto social, econômico e político dinâmico e desafiador, que demanda ações inovadoras para realizar as mudanças estruturais e organizacionais necessárias.

Orientação à Inovação e Capacidade de Inovação na Atenção Primária à Saúde

Orientação à Inovação e Capacidade de Inovação na Atenção Primária à Saúde. Foto: Divulgação.

No serviço público, a inovação visa agregar valor a partir da criação ou melhoria de um produto ou serviço e requer uma organização orientada para a inovação, isto é, aberta a mudanças e novas ideias. O referencial teórico utilizado nesta tese propõe que a capacidade inovadora é definida pelos processos de criação, absorção, integração e reconfiguração do conhecimento, sustentados pelos recursos organizativos do capital humano, liderança, cultura e estrutura e sistemas.

Inovação na Atenção Primária à Saúde

Objetivo: analisar a orientação para inovação e a capacidade inovadora da Atenção Primária à Saúde. Método: trata-se de uma pesquisa de métodos mistos, exploratória e descritiva, inserida na linha de pesquisa Gerenciamento de Serviços de Saúde e Enfermagem, realizada em um município sul-brasileiro. A coleta de dados ocorreu entre fevereiro e agosto de 2018. Nas duas etapas participaram gestores e profissionais de saúde da Atenção Primária, 487 na etapa quantitativa e 86 na etapa qualitativa. Na primeira etapa, para a mensuração da orientação para inovação, foi aplicada a Escala de Orientação para Inovação em organizações públicas. Na segunda etapa foram realizadas entrevistas semiestruturadas referentes às ações inovadoras implantadas. Os dados quantitativos foram analisados estatisticamente e permitiram calcular o Coeficiente de Orientação para Inovação. Para a análise da capacidade de inovação foi utilizado o modelo conceitual da Capacidade de Inovação e o referencial metodológico da hermenêutica dialética. Realizou-se a análise da convergência dos dados quantitativos e qualitativos.

Resultados: o Coeficiente de Orientação para Inovação foi 6,4. O Fator – Ambiente de Estímulo à Aprendizagem apresentou uma média maior do que o Fator – Gestão de Competências e Monitoramento do Ambiente Externo. Dentre as fragilidades da gestão de competências e monitoramento do ambiente externo está a gestão de recursos humanos. Em relação ao ambiente de estímulo à aprendizagem, a instituição de saúde fornece subsídios para o aprendizado e autonomia para inovar. Os processos e recursos organizativos da capacidade inovadora foram identificados, assim como suas fragilidades e potencialidades. Os recursos organizativos, cultura, estrutura e sistemas, apontam para a necessidade de desenvolvimento de estratégias a fim aprimorar a sustentação dos processos da criação, absorção, integração e reconfiguração do conhecimento.

Conclusões: A análise da orientação para inovação gera valor para a elaboração e/ou implementação de políticas públicas de saúde. Os gestores e profissionais de saúde, com destaque ao quantitativo de enfermeiras, são protagonistas na liderança do processo inovador sustentado pela instituição de saúde. Os processos e recursos organizativos identificados nas ações inovadoras apontam para a capacidade de inovação da atenção primária. As convergências entre os itens da escala e os processos de criação, absorção, integração e reconfiguração do conhecimento possibilitaram a confirmação da tese de que a capacidade inovadora apoia a orientação para a inovação da APS no município pesquisado.

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