Desenvolve uma teoria substantiva representativa da vivência do cuidado domiciliar no Brasil e Portugal e propor ações para a prática de Enfermagem que conduzam à interação transpessoal com o paciente.
O cuidado realizado no domicílio tende a ser mais próximo e orientado às singulares e necessidades dos usuários, que permanecem inseridos em seu contexto de vida, e possibilita inter-relações efetivas entre profissional de saúde, paciente e família. O ser que vivência o cuidado domiciliar deve ser entendido como o protagonista e definidor do seu projeto terapêutico, que assumi a centralidade na produção do seu cuidado, entretanto, pouca voz é dada a este ator para expressar suas opções, sentimentos e experiências vivenciadas. A teoria do cuidado humano, referencial teórico desta tese, propõem que o cuidado transpessoal favorece o crescimento pessoal significativo por meio da ajuda, confiança e liberdade, e promove restauração e integralidade de corpo, mente e espírito como uma unidade, em um processo no qual paciente e profissional de saúde une força para transpor uma situação. Assim, defende-se a tese de que o cuidado domiciliar é desenvolvido em um contexto de reconstituição, no momento do cuidado, e possível pela busca de uma inter-relação transpessoal singular entre quem cuida e quem é cuidado.
Objetivos: Desenvolver uma teoria substantiva representativa da vivência do cuidado domiciliar no Brasil e Portugal e propor ações para a prática de enfermagem que conduzam à interação transpessoal com o paciente. Metodologia: Grounded Theory desenvolvida na região sul do Brasil junto a um Serviço de Atendimento Domiciliar e no cenário português junto a uma Unidade Local de Saúde na região do Porto. Os dados foram coletados no período de fevereiro de 2016 a novembro de 2017. A seleção dos participantes foi realizada pela amostragem teórica entre os grupos amostrais: pacientes, familiares cuidadores e profissionais de saúde. A amostra foi constituída por 53 participantes (28 brasileiros e 25 portugueses). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada em profundidade. Para análise e organização dos dados utilizou-se a elaboração de memorandos, diagramas e o software QSR Nvivo 10. A codificação seguiu o modelo glasseriano que ocorre em duas fases: codificação substantiva e teórica, subdividindo-se a primeira em codificação aberta e seletiva. Na codificação teórica evidenciou a interrelação dos conceitos por meio do código teórico família interativa e seis Cs.
Após o estabelecimento dos dois modelos teóricos (brasileiro e português) realizou-se a integração dos conceitos, especificando propriedade e dimensões aos elementos de sustentação que culminou na teoria substantiva cujo conceito central é “Buscando o cuidado domiciliar transpessoal” causada por “Principiando o cuidado domiciliar” que tem como condição interveniente “Tendo o suporte para o cuidado domiciliar”, está inserido no contexto de “Suscitando um ambiente de reconstituição”, cuja a consequência é “Concebendo o momento do cuidado”. Como contribuições para o desenvolvimento de interações transpessoais no cuidado domiciliar apresenta-se a integração com o ensino por meio de um plano, o uso de modelo de cuidado específico, a utilização de guia prático para o desenvolvimento do cuidado transpessoal e a aplicação de escalas para a avaliação das práticas transpessoais domiciliares.
Uma situação de desarmonia do copo, mente e/ou espirito pode levar o ser humano, autônomo e livre, a viver em um ambiente restrito domiciliar, dependente de outras pessoas e submetido ao fazer técnico científico das profissões de saúde. No desenvolvimento deste estudo buscou-se saber como estes seres únicos e singulares, presentes no mundo, cuja a possibilidade de falar sobre suas experiências foi proporcionada, agiam, sentiam, experienciavam e enfrentavam o cuidado domiciliar. Estas experiências somada a teoria do cuidado humano proporcionam fundamentação teórica e prática para o desenvolvimento da enfermagem domiciliar.