O Cuidado de Enfermagem Aos Pais Que Vivenciaram o Óbito Fetal

25 de abril de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Identifica evidências científicas acerca do cuidado de enfermagem aos pais que vivenciaram o luto diante do óbito fetal.


A gestação é vista como sinônimo de vida, um momento em que as expectativas aumentam na medida do desenvolvimento do feto, com o fortalecimento da vinculação mãe/pai-filho e o estreitamento dos laços afetivos. Esse período pode ser interrompido quando ocorre o óbito fetal, uma perda concreta e finita em que toda a simbologia da vida é rompida, podendo resultar em marcas profundas e traumáticas nos pais e famílias que vivenciam o luto.

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Foto: Divulgação.

O processo de morte e morrer em situação de nascimento, quando acontece de forma inesperada, pode dificultar o modo de adaptação de todos os envolvidos, sejam mães e pais ou os profissionais envolvidos. Assim, o óbito fetal pode ocorrer a partir da 22ª semana completa de gestação, ou de fetos com peso igual ou superior a 500g ou estatura a partir de 25 cm.

A confirmação da morte fetal pode ser um evento psicologicamente traumático para a mulher e sua família e tem efeitos a longo prazo além do âmbito emocional, como no físico e social. Por isso, um cuidado qualificado junto à assistência para o processo de elaboração do luto pela equipe de saúde é primordial para o enfrentamento familiar, quando se observa que a dor da perda de um feto muitas vezes é subestimada, ocultada e inexiste no espaço social.

Os desafios em relação à assistência humanizada e holística prestada aos pais que vivenciam esse momento têm sido uma prática desafiadora para os profissionais de saúde. Os profissionais de enfermagem apresentam dificuldades no cuidado aos pais que vivenciam o óbito fetal. É preciso preparo específico para assistir o processo de luto, a partir do desenvolvimento de competências e habilidades para uma comunicação efetiva. A formação adequada desses profissionais representa um eixo fundamental para uma assistência holística.

O direcionamento para um plano de cuidados de enfermagem que atenda às necessidades tanto da mãe quanto do pai requer uma escuta qualificada durante o trabalho de parto, parto e puerpério. Fragilidades têm sido apontadas em relação à assistência prestada a esses pais e estão relacionadas ao atendimento oferecido nos serviços de saúde. Além da insatisfação quanto à subestimação, banalizações e iatrogenias, observam-se problemas relacionados à ausência de uma estrutura física e de recursos humanos adequados para atender, além das necessidades técnicas, as psicossociais dos pais que experimentam o processo de perda e luto.

Por mais que existam publicações sobre saúde da mulher e obstetrícia, a atenção voltada especificamente para os pais em situação de perda fetal ainda não tem sido uma prioridade em políticas públicas de saúde. Outrossim, lacunas de conhecimento em relação à produção científica indicam a necessidade de avançar em investigações que revelem as demandas e subsidiem a elaboração de planos de cuidados que visem uma assistência integral e qualificada para esses pais.

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