Modelo Preditivo de Avaliação do Tempo Entre o Diagnóstico do HIV e Primeira Hospitalização

10 de outubro de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Constrói um modelo preditivo de avaliação do tempo entre o diagnóstico do Vírus da imunodeficiência humana e primeira hospitalização.


A Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e sua manifestação através da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) tem revelado desafios para a saúde pública devido à dinamicidade de seu perfil epidemiológico, sendo necessário repensar o cuidado em saúde destinado às pessoas que vivem com a infecção/doença.

Modelo Preditivo de Avaliação do Tempo Entre o Diagnóstico do HIV e Primeira Hospitalização

Modelo Preditivo de Avaliação do Tempo Entre o Diagnóstico do HIV e Primeira Hospitalização. Foto: Divulgação.

O controle da infecção é uma das maiores preocupações mundiais da atualidade, responsável por pactuações intergovernamentais, a fim de que medidas conjuntas sejam capazes de assegurar que a epidemia global deixe de ser uma ameaça à saúde pública.

Nos últimos anos, o cenário mundial da infecção suscitou otimismo frente às perspectivas do enfrentamento e controle. Em 2017, havia 36,9 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, das quais, 75% conheciam seu estado sorológico, e dessas 21,7 milhões tinham acesso à terapia antirretroviral (TARV), um aumento de oito milhões comparados a 2010. O número de novas infecções por HIV caiu 47% desde o pico em 1996 e as mortes relacionadas à aids caíram mais de 51% desde 2004.

HIV no Brasil

No Brasil, em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos de HIV e 37.791 casos de aids, um decréscimo de 15,7% na taxa de detecção desde 2012. Também em 2017, foram registrados no Sistema de Informação de Mortalidade um total de 11.463 óbitos por causa básica: aids (CID10: B20 a B24), com uma taxa de mortalidade padronizada apresentando uma redução de 15,8% entre 2014 e 2017.

Com a evolução das estratégias de diagnósticos e tratamento, a sobrevida e qualidade de vida das pessoas infectadas pelo HIV aumentaram e resultaram em novos desafios, como a redução de indicadores de desfechos clínicos negativos a exemplo das hospitalizações.

No contexto clínico, o advento da TARV combinada, reduziu a ocorrência de infecções oportunistas e doenças definidoras de aids, proporcionando mudança também no perfil das hospitalizações (número, duração e causas). Além disso, estudos evidenciam o risco do desenvolvimento de condições consideradas não-aids, incluindo doenças cardiovasculares, cânceres, osteopenia/osteoporose e doenças renais, hepáticas e neurocognitivas, bem como os efeitos colaterais e tóxicos dos medicamentos antirretrovirais. Estes fenômenos contribuem para o perfil de morbimortalidade atual da doença, levando a complicações clínicas que demandam frequentemente hospitalização.

No Brasil, em especial na Região Nordeste, o manejo clínico da infecção/doença é fundamental, pois, diferente das outras regiões, pode-se observar o avanço da mortalidade na última década, com taxa mais elevada do que àquelas anteriores à política de acesso aos antirretrovirais.

O conhecimento acerca das hospitalizações de pessoas com HIV/Aids acompanhadas em serviços especializados, principalmente no que tange aos fatores de risco para esse desfecho, auxilia no planejamento de ações de cuidado numa perspectiva preventiva, o que justificou a realização desse estudo. Acrescenta-se o fato de que identificar as características desta população hospitalizada permite averiguar as limitações do tratamento ambulatorial no controle da infecção e dos seus agravos.

Neste sentido, o estudo teve como objetivo construirum modelo preditivo de avaliação do tempo entre o diagnóstico do HIV até a primeira hospitalização.

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