Constrói um Manual Clínico de Cuidados de Enfermagem a mulheres com prolapso de órgãos pélvicos.
Diversas mulheres atendidas na rede pública apresentam prolapso de órgãos pélvicos. Estes, além de interferirem na função urinária, intestinal e sexual, impactam negativamente na qualidade de vida dessas mulheres. Os prolapsos de órgãos pélvicos podem ser corrigidos cirurgicamente ou pela inserção de pessários uroginecológicos no canal vaginal. Os pessários são dispositivos de silicone que podem ser inseridos e retirados pela própria mulher, com benefícios semelhantes ao procedimento cirúrgico. A capacitação para uso dos pessários pode ser uma prática do enfermeiro; o que contribuiria para a redução das filas cirúrgicas e resolução do problema para mulheres com alto risco operatório. Porém essa não é a realidade nacional. Diante dessa lacuna, se faz necessário fomentar a discussão entre esses profissionais.
Objetivo: Construir um Manual Clínico de Cuidados de Enfermagem a mulheres com prolapso de órgãos pélvicos. Objetivos específicos: Quantificar o atendimento de mulheres com POP; Caracterizar o conhecimento dos enfermeiros sobre o tema; e Discutir o conteúdo do manual junto aos enfermeiros que atuam na atenção primária.
Metodologia: Pesquisa metodológica com abordagem qualitativa, na atenção primária à saúde, num distrito de um Município no Paraná; que seguiu as seguintes etapas: quantificação do atendimento a mulheres com prolapso de órgãos pélvicos, para identificação da demanda; caracterizar o nível de conhecimentos dos enfermeiros, por meio de questionário e realização de oficinas para discussão do manual com os profissionais, sensibilizando-os sobre a temática. Participaram desta pesquisa 42 enfermeiros que atuavam na assistência direta ou indireta da atenção primária à saúde. A coleta de dados ocorreu por meio de oficinas propostas e na análise dos dados foram seguidos os passos de John W. Creswell.
Resultados: Identificou-se, por meio deste estudo, que de um número de 436 mulheres, 96,56% tinha algum tipo de incontinência urinária, sendo a de maior prevalência a incontinência urinária de esforço, representando 73,75% destes casos; 41,51% possuíam prolapso de órgãos pélvicos associado a incontinência urinária. O local de estudo ficou em segundo lugar em número de casos da cidade. As oficinas proporcionaram um melhor entendimento em relação à inserção dos profissionais no contexto dos cuidados de enfermagem à mulher com prolapso de órgãos pélvicos; nelas, os profissionais de enfermagem passaram por uma experiência nova que permitiu atentar para cada detalhe e conhecer melhor essa patologia, demonstrando a sensibilidade dos profissionais frente ao atendimento a estas mulheres. Os participantes demonstraram ter algum conhecimento referente aos prolapsos de órgãos pélvicos, porém possuíam conhecimento restrito sobre os pessários, ou quase nulo.
Considerações finais: A construção de um manual clínico subsidiará a assistência e a tomada de decisão clínica, proporcionando um conhecimento científico e didático, aprimoramento da assistência a mulheres com prolapso de órgãos pélvicos, sensibilizando os enfermeiros para a discussão e planejamento da sistematização dos cuidados de enfermagem a pacientes acometidas pelo prolapso de órgãos pélvicos, num diálogo aberto, mostrando a importância de cuidar destas mulheres na atenção primária, aprimorando a assistência, e evitando a sobrecarga em outros níveis de atenção à saúde, de forma segura.