23 de novembro de 2021 por filipesoares
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Analisa as condutas sanitárias para o combate da gripe espanhola e sua relação com a pandemia de COVID-19.
Há 102 anos, o Brasil foi atingido pela pandemia da gripe espanhola no contexto após a I Guerra Mundial. Na época, sabe-se que o flagelo entrou no país pelo navio Demerara, partindo de Liverpool com destino à Recife. Em virtude de muitos dias de viagem, diversas mortes ocorreram. Com a chegada do transporte ao porto, uma bandeira que sinalizou a quarentena foi hasteada, mas as autoridades médicas brasileiras acharam que a conduta era prematura, pois se tratava de uma simples gripe. A partir de então, a doença disseminou e assolou o resto do país. Nesta perspectiva, o contexto se desorganizou no campo político, social, econômico e sanitário com o fechamento/paralização dos portos, transportes e diversos outros serviços.
Lições do Passado no Presente: Notícias da Pandemia de Gripe Espanhola à Covid-19. Foto: Divulgação
Nas instituições de saúde, os acometidos chegavam com pneumonia viral, sangramento, vômitos e calafrios. Os cuidados prestados eram a realização de banhos quentes, oferta de uma dieta à base de vinhos e canjica, bem como a administração de medicações, como o quinino e purgantes, potencializados com as publicidades de pílulas e água de quinino, com a promessa de cura da doença. Ademais, contava-se com a carência de material de proteção para os profissionais de saúde, assim como o desconhecimento da genética do vírus.
Muitas pessoas foram a óbito, tanto nas instituições de saúde quanto nos próprios domicílios, sendo um destes o presidente do Brasil, Rodrigues Alves, quando, na voz corrente, a gripe espanhola no país ficou conhecida como uma doença democrática.
As autoridades governamentais tinham dificuldades de estabelecer a quarentena e fechar as fronteiras para a redução da circulação do vírus. Contudo, medidas eram tomadas em prol da prevenção, para se evitar as críticas públicas e tranquilizar a população.
Esse cenário de pandemia nos tempos idos faz lembrar o tempo presente, com a nova doença causada por um tipo novo de coronavírus, a COVID-19, o que remete à questão: quais as lições deixadas pela gripe espanhola para atual pandemia de COVID-19?
Assim sendo, justificar a relevância deste artigo pode até parecer redundante, mas é necessário trazer à memória a historiografia das grandes epidemias e lembrar que elas examinam as rupturas epidemiológicas, que abalaram as estruturas sociais, econômicas, culturais, políticas e demográficas. Pensar nessa ótica, nesse momento de pandemia, é o que nos faz investigar as lições deixadas para o tempo presente.
