Histórias da enfermagem #4

14 de novembro de 2017 por filipesoaresImprimir Imprimir


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O protagonismo do corpo de enfermagem do Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS) é um exemplo de gestão hospitalar. A afirmação é da diretora de Enfermagem, Lucienne Gamarra, que trabalha há 15 anos no hospital e comanda aproximadamente 800 enfermeiros e técnicos de enfermagem na prestação de cuidados diários aos pacientes do maior hospital 100% SUS de Mato Grosso do Sul.

Com 50% do contingente do hospital, enfermeiros montam diretoria e impulsionam serviço

“A Diretoria de Enfermagem já vinha sendo pensada há muito tempo, mas efetivada a gente não tinha essa condição. Foi com luta política, aliada à luta técnica que conquistamos esse serviço. O nosso setor soma quase 50% de todo contingente do hospital. Temos 1.960 funcionários. Desses, mais de 800 são da Enfermagem. Temos um número muito grande de pessoas e a natureza do serviço de enfermagem é diferente da dos outros profissionais de saúde. São os que ficam ao lado do paciente às 24h”, diz Lucienne.

A diretora explica que a essência do trabalho do enfermeiro e do técnico é o cuidado com a reabilitação dos pacientes. “O que ele precisar, seja de um banho, cuidados corporais, medicação, levar e buscar para exames, levar para o cento cirúrgico, tudo aquilo que não pode fazer sozinho, quem organiza é o setor de Enfermagem. Existem todos os outros profissionais que a gente considera um trabalho matricial, como o fisioterapeuta, por exemplo. Mas para que ele consiga fazer o atendimento, o paciente tem que estar estabilizado, tomado banho, alimentado, medicado, tem que passar pela Enfermagem para poder fazer os outros tratamentos. Então, a Enfermagem é o elo de ligação, o vínculo que fornece tudo o que o paciente precisa”, afirma.

Organização do serviço de Enfermagem

De acordo com Lucienne, a Diretoria de Enfermagem foi criada em abril de 2014 com uma estrutura de organização do serviço de enfermagem que poucos hospitais tem no Estado. “Aqui nós trabalhamos com uma estrutura de direção de Enfermagem, coordenação e gerentes que são por linha assistencial. Temos, por exemplo, um enfermeiro que gerencia a linha cardiológica, o Nelson. Ele é o elo de ligação da gestão, da política institucional com a equipe de trabalho. Isso faz com que a gente tenha a possibilidade de multiplicar informações e conhecimento. Conseguimos criar uma estrutura diferenciada, que tem nos proporcionado alcançar muitos avanços e realizar nosso grande trabalho de bastidores, que é prover todos os setores para que o hospital funcione”, conta.

Lucienne conta que entre as conquistas alcançadas nessa gestão do governador Reinaldo Azambuja está a central de material e esterilização. Isso porque foi trocado todo instrumental cirúrgico, que já tinha 20 anos de uso. “Quem trabalha nesse setor, quem gerencie, é um enfermeiro e toda equipe de enfermagem que produz instrumental estéril para as cirurgias. Executamos um trabalho de organização e também de filosofia, de direcionamento do serviço dentro do hospital. São muitos protocolos para seguir”.

Da Consultoria Especializada à Diretoria de Enfermagem

A enfermeira conta que foi gerente do setor de 2007 a 2010, quando o Hospital Regional passou por uma consultoria da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na ocasião, vários enfermeiros, médicos, farmacêuticos, arquitetos, entre diversos outros consultores de todo País, ficaram no hospital praticamente dois anos para transferência de tecnologia, organização do processo de trabalho.

“Quem aproveitou essa oportunidade teve muitos ganhos. Nós potencializamos a assistência de forma gigantesca porque continuamos com a metodologia. Fomos estudar. Eu fiz curso de gestão da clínica no Sírio Libanês, em São Paulo, estou fazendo outro na mesma instituição de vigilância e saúde. Não deixamos se perder tudo o que aprendemos. Sai da gerencia em 2010 e fui trabalhar com licitação para potencializar a qualidade dos materiais para o hospital. Em 2014 fui convidada para voltar e começamos a reorganizar com a filosofia que vinha sendo construída. É um contingente muito grande de pessoas e precisa de uma inteligência administrativa para organizar desde férias, reposição de cargas dentro de escalas, direcionamento do processo de trabalho em relação à implantação e implementação de protocolos. Ser uma diretoria diretamente ligada à presidência do hospital deu autonomia, oportunidade de crescimento e fez com que as coisas alavancassem”, diz a diretora

Mais avanços

Nos três anos de trabalho a Enfermagem avançou muito dentro do serviço. Foi aberto o ambulatório de feridas e criada uma gestão de segurança assistencial e de risco, com implantação de vários protocolos que estão nas metas nacionais de segurança do paciente, por meio do Núcleo de Segurança. Há uma política de educação permanente junto aos profissionais, com vários cursos, rodas de conversa e promoção de varias ações de educação.

“Outro grande diferencial é que a Diretoria de Enfermagem está inserida em todas as comissões obrigatórias e não obrigatórias do hospital. Por exemplo, na Comissão de Prontuários fazemos a análise e avaliação da qualidade dos prontuários e melhorias das anotações da Enfermagem. Comissão de Padronização, onde a gente avalia e padroniza novos materiais necessários. Comissão de Ética de Enfermagem dentro do hospital eleita pelo corpo de enfermagem. Comissão de Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE) e a Comissão de Cuidados com a Pele, todas ligadas à Diretoria de Enfermagem, assim como a Coordenação de Enfermagem e todas as gerências. Participamos de todas as fases da licitação, inclusive, das amostras dos materiais e devolução para que venha material de qualidade para o hospital. Atualmente os enfermeiros estão inseridos no contexto de organização e de execução do processo de trabalho”, explica Lucienne.

Assistência de Enfermagem

A série de avanços alcançou, inclusive, atividades que são privativas do enfermeiro, como a sistematização da assistência de Enfermagem. “Tiramos essa metodologia da Política Nacional de Humanização, do Ministério da Saúde. Utilizamos as ferramentas dela, a decisão compartilhada, os colegiados de gestão. A Diretoria de Enfermagem faz um colegial quinzenal com todos os gerentes. Nossa filosofia de trabalho é fazer o melhor com o que temos. A criação da diretoria gerou a valorização profissional com filosofia de trabalho, deixando de ser simplesmente executar tarefa, para ser protagonista dentro dos cuidados do paciente. Enxergamos que sem essa estrutura não conseguiríamos os avanços. Tudo é compartilhado, conversado, no colegiado, através de pactuação, corresponsabilização. Juntos somos mais fortes”, frisa.

Experiência profissional

O acadêmico de Enfermagem, Jhonatan Motta, de 23 anos, faz estágio no hospital. Para ele, a vivência no HRMS mudou a percepção profissional. “Meu trabalho aqui mudou completamente minha percepção do que é Enfermagem, ainda mais com relação a parte de gerenciamento, porque a gente tem ideia que a gerência é só uma função administrativa. E a partir do momento em que começamos a entender que essa parte é um instrumento capaz de organizar todo o processo e trabalho, a gente visualiza que isso afeta diretamente o paciente. Então, não é só uma função administrativa, é assistencial ao paciente, é o que faz funcionar na verdade. Uma ação de efeito cascata que começa aqui até chegar na ponta”.

A técnica de Enfermagem, Talita Cristina, trabalha desde 2015 no Regional e está concluindo a faculdade de Enfermagem. “Estou no último ano do curso. Vim de outro hospital e minha experiência era na área de centro cirúrgico. Quando entrei foi um desafio porque fui para a pediatria. Aprendo todo dia com os enfermeiros, hospital, pacientes, acompanhantes. Quando alguém fala mal do HRMS é como se estivesse falando mal de mim. Gosto muito de trabalhar aqui, porque todos nos dão o apoio de mostrar o que sabemos. Visto a camisa e tenho meus colegas de trabalho como parte da minha família”. (Com Notícias MS)

Fonte: [1]

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