Identifica fatores envolvidos na adesão das mulheres aos exames de rastreamento do câncer de mama.
Dentre os tipos de câncer que acometem as mulheres, o de mama é considerado o mais comum, e representa quase 25% do total dos casos. O aumento da mortalidade por esse câncer ocorre principalmente devido à pouca adesão aos exames de rastreamento, que gera diagnóstico tardio e atraso na realização da terapêutica adequada.
Este estudo objetivou identificar fatores envolvidos na adesão das mulheres aos exames de rastreamento do câncer de mama.
Trata-se de um estudo com delineamento transversal, realizado em cinco Unidades de Atenção Básica de Saúde da Família (UABSF), em Goiânia, GO, Brasil. A amostra constituiu-se por 320 mulheres, na faixa etária entre 40 a 69 anos, não gestantes, que esperavam por atendimento nestas unidades. Para coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturado, seguido de um estudo piloto. O teste do Qui-quadrado ou exato de Fisher foram utilizados para verificar a associação entre comportamento de saúde das mulheres, uso do serviço e conhecimento sobre o câncer de mama e a adesão das mulheres aos exames de rastreamentos do câncer de mama, com nível de significância de 5%. Já ter ouvido falar dos exames de rastreamento anteriormente (p=0,001), realizar consulta ginecológica anual (p<0,001), ter recebido recomendação profissional (p<0,001, p<0,001 e p=0,002) e ter realizado consulta ginecológica a menos de 3 anos (p<0,001) associou-se a prática de todos os exames de rastreamento, considerando o exame clínico das mamas (ECM), mamografia (MMG) e ultrassonografia (USG). Mulheres no peso adequado (p<0,029) e aquelas que recebem visita de profissional de saúde e/ou agente comunitário de saúde (p<0,009) realizaram mais o ECM. Mulheres entre 50 e 69 anos e as que têm filhos realizaram mais o exame de MMG (p<0,001). Reconhecer a idade recomendada (p=0,01) e frequentar a UABSF há mais de um ano (p<0,024) favoreceu a realização da USG. Mulheres que possuíam plano de saúde realizaram mais o ECM (p<0,018) e MMG (p<0,065) e conhecer os exames (p=0,020 e p=0,021) e ter antecedente familiar de câncer (p<0,007 e p<0,034) favoreceu a prática ECM e da USG.
Portanto, as causas que levam a não adesão aos exames de rastreamento do câncer de mama são multifatoriais, mas o profissional de saúde merece destaque, pois ele é a principal fonte de informação dessas mulheres, sendo fundamental na desconstrução de limitações socioculturais, de conhecimento e questões organizacionais que envolvem o rastreamento do câncer de mama.