Experimentações Estéticas Com o Corpo no Cuidar em Enfermagem de Saúde Mental

20 de junho de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Compreende a potência criativa da enfermeira para cuidar no contexto do hospital psiquiátrico tomando como provocação poética as experimentações estéticas com o corpo.


Uma tese em movimento iniciada na confluência do cuidado, criação e criatividade, e, frente à produção dos dados, marcada pelo encontro com a sensibilidade. Partindo do pressuposto que por meio de experimentações estéticas com o corpo, as enfermeiras podem intensificar modos de existência no cuidar, vislumbrando novas possibilidades de agir profissional, culminou com a tese de que a potência do cuidado de enfermagem em saúde mental desenvolvida no contexto hospitalar condizente com a Reforma Psiquiátrica Brasileira encontra ancoragem no processo de criação e sensibilização das enfermeiras a partir de situações concretas do cotidiano de cuidar.

Entre a Política e a Experiência: Reflexão Crítica de Uma Enfermeira de CAPS

Foto: Internet.

O objeto investigado ateve-se a potência do corpo das enfermeiras ao cuidarem das pessoas internadas no hospital psiquiátrico, ancorado nas seguintes questões norteadoras: de que maneira pode a enfermeira de saúde mental potencializar seu agir profissional no âmbito do hospital psiquiátrico a partir de experimentações estéticas com o seu próprio corpo? Como as enfermeiras desenvolvem sua criatividade no processo de cuidar de pessoas internadas no hospital psiquiátrico? Em que circunstância os saberes e fazeres das enfermeiras que trabalham em hospital psiquiátrico estão orientados pela Reforma Psiquiátrica Brasileira?

O objetivo geral: compreender a potência criativa da enfermeira para cuidar no contexto do hospital psiquiátrico tomando como provocação poética as experimentações estéticas com o corpo. Objetivos específicos: explorar o potencial criador no encontro enfermeira-pessoa hospitalizada no contexto do hospital psiquiátrico; apresentar as intensidades sobre o processo de cuidar em saúde mental no ambiente hospitalar, promovidas nas enfermeiras a partir de experimentações estéticas; demonstrar como a educação permanente de base sociopoética pode colaborar para a inovação/potencialização do agir criativo da enfermeira no cuidar da pessoa em sofrimento psíquico internada em hospital psiquiátrico.

Trata-se de um estudo qualitativo de abordagem Sociopoética. As exigências de pesquisas com seres humanos foram cumpridas com aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro sob parecer nº 1.852.686. Os dados foram produzidos a partir de técnicas artísticas com o grupo-pesquisador – constituído por sete enfermeiras assistenciais de uma instituição psiquiátrica do município do Rio de Janeiro, analisados pelo próprio grupo-pesquisador e interpretados à luz de Goffman, Collière, Ostrower, Boal e Spinoza – produzindo-se assim uma polifonia entre os conceitos de estigma, cuidado, criação, teatralidade e potência do encontro.

Os resultados remeteram à urgência de encontros propulsores de sensibilidade, revelaram um cuidado parcialmente consonante aos princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira e desvelaram a potência para agir na perspectiva da atenção psicossocial orientada por experimentações estéticas com o corpo. Apresentados em três categorias apontadas por Collière: 1) O poder reduzir-se no cuidado; 2) O poder mobilizar-se no cuidado: o desafio do mover-se para fora; 3) O poder desenvolver-se no cuidado.

Conclui-se que a enfermeira de saúde mental pode potencializar seu agir profissional no âmbito do hospital psiquiátrico a partir de experimentações estéticas com o seu próprio corpo, e tal sensibilização/ampliação pode ocorrer por meio de uma educação permanente de base Sociopoética

Compartilhar