Do Estágio ao Internato: o Percurso da Formação da Enfermeira Para o Cuidado

19 de outubro de 2020 por filipesoaresImprimir Imprimir

Compreende a trajetória histórica da formação para o cuidado no Estágio/Internato do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará.


A Enfermagem trata-se de uma das atividades mais antigas, cuja gênese confunde-se com o próprio surgimento da humanidade. Logo, tem sua imagem atrelada ao cuidado, como o seu núcleo caracterizador.
Do Estágio ao Internato: o Percurso da Formação da Enfermeira Para o Cuidado

Do Estágio ao Internato: o Percurso da Formação da Enfermeira Para o Cuidado.

Embora o cuidado ocupe esse espaço, é perceptível que há déficit sobre o seu significado e como pode ser ensinado. Assim,
tem-se como objetivo compreender a trajetória histórica da formação para o cuidado no Estágio/Internato do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará – UECE, evidenciando seus elementos de continuidade e ruptura, no período de 1979 a 2018, na perspectiva da supervisora-enfermeira e da preceptora-enfermeira.
Em relação ao percurso metodológico, construiu-se pesquisa qualitativa, de abordagem histórica, que emerge da interface educação-saúde/enfermagem, cujo cenário é o curso de Enfermagem da UECE, mais especificamente a inserção da aluna no
Estágio/Internato, desde 1979 (publicação do primeiro currículo) até 2018 (período da coleta de dados). Para tanto, foram utilizadas duas fontes: as documentais e as empíricas.

A pesquisa

No que concerne aos documentos, contou-se com os oficiais: legislações e portarias de órgãos em âmbito nacional, e com os institucionais: projetos pedagógicos e currículos do curso em questão. No que se refere às fontes empíricas, participaram, por meio da entrevista semiestruturada, quatro sujeitos: duas supervisoras-enfermeiras e dois preceptores-enfermeiros, que atuaram/atuam no Estágio/Internato no curso de Enfermagem da UECE.
Para a análise dos dados, foram elaboradas categorias temáticas, as quais identificaram que, na trajetória ueceana, foram elaborados cinco currículos: 1979.2, 1981.2, 1985.2, 1997.1 e o de 2005.1, ainda vigente. Além disso, contou-se com dois projetos pedagógicos (1997 e 2005) e um texto de justificativa/apresentação do currículo de 1985. Houve evolução na formação da enfermeira, aprimorando o Estágio, presente nos currículos de 1979, 1981, 1985 e 1997, até chegar à atual proposta de Internato, em 2005, que prevê maior inserção e articulação entre instituição de ensino (aluna e professora) e serviço (enfermeira).

Cuidado de Enfermagem

Constata-se a diversidade de concepções sobre o cuidado de Enfermagem, compreendendo-o desde manifestação profissional do cuidado destinado ao ser humano, como um conjunto de procedimentos a ser executado ambicionando a cura, até como o saber-fazer que guarda especificidades em relação às demais profissões e que visa à cura, prevenção e promoção da saúde. Também se percebem dificuldades de compreensão e distinção das três dimensões que integram o cuidado de Enfermagem: ontológica, epistemológica e metodológica.
Assim, há discordâncias entre o que dizem os documentos e os entrevistados. Obviamente, não se espera que haja repetição do que está posto nos documentos por parte dos entrevistados, entretanto preocupa a demonstração de déficit de conhecimento acerca do currículo e do projeto pedagógico, o que repercute em formas de ensinar, por vezes incipientes e frágeis, que refletem na formação da enfermeira para o cuidado.

Conclusões da pesquisa

Conclui-se, portanto, a necessidade de vislumbrar o cuidado de Enfermagem, nas suas dimensões: ontológica, epistemológica e metodológica, e valorizar os elementos históricos para uma análise ampliada da formação para esse cuidado, a fim de que a trajetória do ensino de Enfermagem possa continuar sendo escrita por todos que dela fazem, fizeram e farão parte.
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