Analisa a associação entre as condições de trabalho e o presenteísmo entre os trabalhadores de Enfermagem através dos indicadores da ergonomia organizacional.
A Ergonomia Organizacional interfere diretamente na dinâmica do serviço, onde o trabalhador apresenta-se como elemento indispensável ao processo de trabalho, podendo adoecer devido às condições em que a atividade é realizada. Além disso, a permanência do trabalhador adoecido em seu local de trabalho constitui um comportamento chamado de “presenteísmo”.
A pesquisa tem como objetivo analisar a associação entre as condições de trabalho e o presenteísmo entre os trabalhadores de enfermagem através dos indicadores da ergonomia organizacional. Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo transversal com abordagem quantitativa dos dados, desenvolvido num hospital federal com trabalhadores de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem).
Os dados foram coletados por meio de dois instrumentos: formulário contendo dados sociodemográficos e profissionais de Mauro & Mauro (INGECTH-SUS) e a Escala de Presenteísmo de Stanford (SPS-6). O projeto foi submetido aos Comitês de Ética em Pesquisa do INTO e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após o tratamento dos dados numa planilha da Microsoft Excel Word e posteriormente no Software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), foi utilizado o teste Qui quadrado para análise bivariada dos fatores associados às condições de trabalho e presenteísmo. A amostra foi composta por trabalhadores de enfermagem de 05 setores, totalizando 547 trabalhadores. Critérios de inclusão: trabalhadores da equipe de enfermagem com pelo menos 06 meses de trabalho na instituição; e que não tenham se afastado nos últimos trinta dias que antecederam a coleta de dados e estar trabalhando na assistência direta aos pacientes no momento da coleta de dados. Critério de exclusão: trabalhador exclusivamente administrativo ou que trabalhe em setores que apresentem um quantitativo ocupacional reduzido.
Resultados: identificou-se que entre os 229 trabalhadores selecionados houve associação significativa entre presenteísmo e condições de trabalho inadequadas no que se referiram a: desconforto gerado por postura indevida por muito tempo; posturas forçadas para a realização de alguma tarefa; esforço físico que produz fadiga; ritmo de trabalho acelerado; conflito com chefias ou encarregados; discriminação no trabalho; assédio moral; longas jornadas de trabalho. Em relação aos danos à saúde percebidos pelos participantes, destaca-se o setor de tratamento da COVID-19 (covidário), no qual 43% dos problemas de saúde foram agravados.
Diante dos resultados, recomenda-se a realização de um programa de prevenção do presenteísmo e cuidados voltados para a saúde dos trabalhadores de enfermagem tendo como base a análise das condições de trabalho.