Identifica o nível de engajamento e a satisfação dos profissionais da Enfermagem no trabalho com crianças em tratamento oncológico.
Devido aos elevados índices de morbidade e mortalidade dos indivíduos com Câncer, a confirmação dessa doença é na maioria das vezes associada à morte, o que pode tornar difícil abordagem e enfrentamento dos profissionais envolvidos no cuidado desses pacientes. Buscando um cuidado de qualidade e longe de danos, os profissionais da saúde nos mostram que a maior autocobrança é na área de oncologia pediátrica, onde esses profissionais podem apresentar dificuldades no cotidiano do trabalho, com sentimentos intensos devido às situações de morte da criança, luto da família e demandas da organização do trabalho, o que pode contribuir para o sofrimento do profissional e pode influenciar na sua satisfação e engajamento no trabalho.
Estudo destaca que apesar de esses profissionais lidarem com dor, sofrimento e o estigma do câncer, eles muitas vezes demonstram interesse em permanecer no local de trabalho, mostrando-se satisfeitos e com um bom nível de engajamento com a profissão; destacam como aspectos laborais positivos a recuperação do paciente, educação em saúde e até mesmo o contato afetuoso que existe entre
profissional e paciente. Ao mesmo tempo, o fato de eles estarem constantemente lidando com o sofrimento e o pesar da morte, esses profissionais estão diretamente ligados aos riscos de prejuízo da saúde mental, por se tratar de atividades extremamente desgastantes, tanto físicas como psicológicas, o que pode progredir para o estresse, e como consequência alterar a satisfação e o nível de engajamento dos profissionais no trabalho. Há autores também que trazem que a vivência com o tema oncologia e as políticas públicas referente ao assunto, durante a graduação, implica em um cuidado de qualidade prestado pelo profissional para o paciente com diagnóstico de câncer.
Uma progressão desse estresse preocupa pesquisadores, pela possibilidade de desencadear a Síndrome de Burnout, entendida como o oposto do engajamento no trabalho, que prevalece em profissionais da área da saúde em geral, principalmente médicos e enfermeiros. Segundo a OMS, o aumento da Síndrome de Burnout traz um impacto negativo na qualidade e produtividade desses profissionais,
e depois de um determinado tempo prejudica a instituição ou empresa.
Na área da enfermagem, o trabalho por turnos, o contato com doenças de etiologias diversas, risco de morte dos pacientes, os conflitos de papéis desempenhados, assim como a desvalorização profissional constituem algumas das situações que podem contribuir para o estresse, tornando-os com o passar do tempo insatisfeito no trabalho, o que é agravado pelo atual contexto da crise econômica e das reformas no setor da saúde. A área de oncologia pode ser um facilitador para o desenvolvimento deste transtorno, devido ao estigma do câncer na sociedade.
Estudos apontam que a avaliação do estresse e os níveis de engajamento no trabalho podem predizer as causas dos afastamentos dos profissionais por doença mental, assim como baixos níveis de estresse e de disfunção social se mostraram preditores de vigor e dedicação no trabalho.
Com base nas características dos pacientes oncológicos e o necessário envolvimento desses profissionais com as crianças e sua família surgiu a questão de pesquisa: Qual a satisfação e o nível de engajamento do profissional da enfermagem no trabalho com crianças com câncer?
É importante compreender que os conceitos de satisfação e engajamento no trabalho estão relacionados à motivação pessoal. Engajamento é definido como um estado mental positivo, de conexão profunda com a ação laboral, além de ser indicador de saúde do trabalhador, ou seja, o profissional engajado realiza o seu trabalho com elevado sentimento de inspiração, bem-estar e prazer, pode ser influenciado pelas condições de trabalho, que quando identificado de forma negativa pode prejudicar a saúde do trabalhador e o sucesso da empresa. Sendo assim, o entendimento da relação entre o fenômeno engajamento e satisfação no trabalho é premissa para a interpretação dos resultados obtidos na avaliação dos riscos para o estresse ocupacional.
Considerando a escassez de pesquisas sobre engajamento no trabalho e os aspectos inerentes ao trabalho da enfermagem na oncologia, este estudo objetivou identificar o nível de engajamento e a satisfação dos profissionais da enfermagem no trabalho com crianças em tratamento oncológico, o que permitirá conhecer a relação desses profissionais com o trabalho, subsidiando ações que fortaleçam o processo de cuidar das crianças e de gestão dessas unidades.