Profissionais na linha de frente da luta contra a pandemia de Covid-19 em vários países continuam reclamando da falta infraestrutura e de material adequado para combater a doença.
Profissionais na linha de frente da luta contra a pandemia de Covid-19 em vários países continuam reclamando da falta infraestrutura e de material adequado para combater a doença. Nos Estados Unidos, epicentro da pandemia, médicos e enfermeiros afirmam serem vítimas de censura e represálias quando ameaçam denunciar suas condições de trabalho.
Profissionais na linha de frente da luta contra a pandemia de Covid-19 em vários países continuam reclamando da falta infraestrutura e de material adequado para combater a doença. Nos Estados Unidos, epicentro da pandemia, médicos e enfermeiros afirmam serem vítimas de censura e represálias quando ameaçam denunciar suas condições de trabalho.
Um estudo divulgado pela revista científica The Lancet no final de julho confirmou que os profissionais do setor da saúde correm 3,5 vezes mais chances de serem contaminados pela Covid-19 que o restante da população. A pesquisa, realizada nos Estados Unidos e no Reino Unido entre março e abril, também aponta que o risco de contágio entre médicos e enfermeiros é 1,3 vez maior entre os que não têm acesso a equipamentos de proteção adequado.
O estudo apenas confirma o receio dos profissionais da saúde que, desde o início da pandemia de Covid-19, estão na linha de frente contra o vírus e, por estarem mais expostos, reclamam da falta de infraestrutura e de material para combater a doença. Mas em alguns países, médicos e enfermeiros que tentam alertar para a situação não são bem vistos.
Em alguns casos, eles chegam a ser impedidos de falar com a imprensa, afirmam associações sindicais. Como os funcionários do hospital Langone Health, em Nova Iorque, que receberam, no final de março, uma nota da direção indicando que falar com a mídia sem autorização estava sujeito a “medidas disciplinares, inclusive demissão”.
“Os hospitais amordaçam os enfermeiros e outros trabalhadores do setor da saúde com o objetivo de preservar sua imagem”, denunciou em março na imprensa norte-americana Ruth Schubert, porta-voz de uma associação de enfermeiros.
Esse foi o caso de Tainika Somerville, auxiliar de enfermagem que trabalhava há dois anos em uma casa de repouso para idosos perto de Chicago. Em março, quando os Estados Unidos começaram a registrar as primeiras vítimas do novo coronavírus, rumores sobre um possível caso de Covid-19 entre os residentes do estabelecimento colocaram os funcionários em alerta.
A direção os tranquilizou, garantindo que testes estavam sendo realizados e que nenhum caso havia sido confirmado. Mas, dias depois, Tainika descobriu que os testes não haviam sido feitos.
“Estávamos muito irritados. Pois não foram honestos conosco. Nos diziam o que queriam. Mas não era a verdade. No final de março. Ficamos sabendo por meio da imprensa que um de nossos residentes havia morrido por causa da Covid-19. E nós nem sabíamos que havia casos de doentes em nosso estabelecimento”. Desabafa a auxiliar de enfermagem. Que já vinha reclamando da falta de material de proteção para os funcionários.
Diante da situação. Tainika decidiu lançar um abaixo-assinado com seus colegas e postar um vídeo relatando o caso nas redes sociais. Uma iniciativa que não agradou seus patrões. “Eles me demitiram por que eu denunciei a falta de comunicação, a falta de proteção e a falta de pessoal”, resume.
Desde o início da pandemia histórias como a de Tainika vêm se multiplicando não apenas nos Estados Unidos. Casos similares foram denunciados na Nicarágua. Na Rússia. Ou ainda no Egito.