Analisa aspectos institucionais e atitudinais que emergem da atuação de enfermeiros da área perioperatória no período da pandemia do coronavírus.
No ano de 2019 na cidade de Wuhan, na China houve um surto de doença respiratória viral, proveniente de um novo vírus conhecido como coronavírus. Em 60 dias foram confirmadas milhares de pessoas contaminadas, que resultou em mortes no país. No mês de março de 2020, o coronavírus se espalhou por mais de 100 países, ocasionando distúrbios respiratórios e óbitos. A Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com a difusão global do surto do novo vírus, e sua magnitude, anunciou a pandemia da COVID-19 em março de 2020.
A transmissibilidade do coronavírus é dada de indivíduo a indivíduo pelo ar, por meio do contato com aerossóis, seja por espirro ou tosse, bem como o contato com objetos ou materiais contaminados; a forma mais rápida é por aperto de mãos, seguido dos contatos com os olhos, nariz ou boca. Para o OMS um indivíduo pode transmitir a doença para até 5 (cinco) pessoas, ocasionando novos casos. Indivíduos assintomáticos não apresentam potencial de transmissibilidade. Entre o tempo de exposição e o início dos sintomas, pode variar entre 2 a 14 dias. Até início de maio de 2020, foram confirmados no mundo 3.672.238 casos de COVID-19 e 254.045 óbitos, segundo a OMS.
A COVID-19, teve seu início no Brasil em fevereiro de 2020, na Cidade de São Paulo, e se estendeu em março para todas as capitais. Segundo o MS, 50% dos casos no Brasil, no mês de maio, estavam no Norte e no Nordeste, desses 22% eram no Norte do País. Diante desse contexto, no Nordeste e Norte do Brasil a incidência é maior, proporcionalmente do que no Sul e no Centro Oeste.
Um dos cenários preocupantes na Região Norte é do Estado do Amazonas que faz fronteira com três países (Peru, Bolívia e Venezuela); a capital Manaus é onde se concentra a maior população. Dentre os 63 municípios existentes, 12 estão entre as 20 cidades de maior incidência de casos da COVID-19 no Brasil, e cinco cidades entre as 10 com maior coeficiente de letalidade.
Em estudo sobre a situação da pandemia da COVID-19, na Região Norte, com dados nacionais obtidos em abril, evidenciou-se que os Estados com os maiores coeficientes de incidência por 1.000.000 de habitantes, cálculo a partir da projeção do IBGE para 2020, foram Amazonas (521), Amapá (512), Roraima (403). Destacou-se que a capital do Amazonas, ocupou a 5ª posição entre as capitais que apresentaram os maiores coeficientes de incidência por 1.000.000 de habitantes, ficando atrás apenas de Fortaleza, São Luís, Recife e São Paulo.
Com relação a população em geral, os profissionais da área da saúde, tem três vezes mais chances de serem contaminados, isso porque estão mais suscetíveis a exposição do vírus transmissor, no exercício de seu trabalho. Os profissionais de enfermagem estão em constante risco e estresse durante suas atividades, podendo sofrer danos físicos e mentais.
Segundo dados da OMS, existem cerca de 28 milhões de profissionais de enfermagem no mundo. No Brasil, os dados pontuam que há mais de dois milhões de profissionais de enfermagem, atuando nos serviços de saúde e equivalentes. É reconhecido que a enfermagem vem exercendo um papel fundamental no combate à pandemia da COVID-19. Dentro do contexto da enfermagem perioperatória, os enfermeiros atuam em ambiente restrito, como o centro cirúrgico, em que o paciente com suspeita ou confirmação da COVID-19, pode passar por intervenções invasivas, o que aumenta o risco de transmissibilidade aos profissionais, principalmente durante procedimentos que manejam as vias aéreas (intubação, extubação, aspiração, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação não invasiva e broncoscopia). Diante dessa problemática, é recomendado que sejam seguidas normas de prevenção e controle de infecção.
O estudo justifica-se pela necessária discussão sobre como ocorre a atuação dos enfermeiros na linha de frente do atendimento às vítimas do coronavírus. Assim como todos os profissionais da saúde, o enfermeiro encontra-se diante das incertezas e apreensões causadas pela assistência de enfermagem em tempos de pandemia, com ênfase no receio da contaminação. A atual situação afeta a saúde mental dos profissionais bem como reforça a realidade de antes da pandemia, com jornadas de trabalho extensas, agora marcadas pelo limite entre a vida e a morte dos pacientes, podendo se tornar um dos fatores de desgaste físico e psicológico.
Desse modo, este estudo tem como questão norteadora: quais aspectos institucionais e atitudinais emergem da atuação de enfermeiros que atuam na área perioperatória durante a pandemia da COVID-19?
Frente ao exposto, objetivou-se analisar aspectos institucionais e atitudinais que emergem da atuação de enfermeiros da área perioperatória no período da pandemia da COVID-19.