Enfermeiras da Atenção Primária à Saúde: Olhares para Aspectos Trabalhistas Em Municípios Urbanos

16 de julho de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Caracteriza os aspectos trabalhistas das enfermeiras da Atenção Primária à Saúde nos municípios de tipologia urbana do estado da Bahia.


A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada preferencial para o sistema público de saúde do Brasil. Tem a Estratégia Saúde da Família (ESF), o modelo exitoso na ampliação e na organização da APS a partir de uma abordagem comunitária e territorial com resultados positivos como a redução da mortalidade infantil. Apesar dos avanços alcançados na APS com a ESF, sabe que seus princípios e práxis ainda não representam a realidade no cotidiano dos serviços de saúde, sobretudo em relação à integralidade do cuidado, com importantes desafios no que se refere ao perfil dos profissionais e ao trabalho em equipe.

Foto: Governo Federal.

Como membro dessa equipe da APS, a enfermeira vem se constituindo como instrumento de mudança nas práticas para um modelo de atenção no Sistema Único de Saúde (SUS) não centrado na clínica e na doença, mas sim para um cuidado voltado para a assistência integral levando em consideração os determinantes sociais no processo saúde-doença.
Neste sentido, as enfermeiras, nas suas atividades na APS são responsáveis pelo cuidado nas diferentes fases do ciclo vital na esfera individual, familiar e coletivo com vista a integralidade do cuidado, à longitudinalidade e ao estabelecimento do vínculo.

Enfermeiras na Atenção Primária à Saúde

Há evidências que as enfermeiras na APS vêm conquistando espaço e reconhecimento junto aos integrantes da equipe e dos usuários que identificam nelas a referência para o seu cuidado, o que traz satisfação e sentido ao trabalho. Ainda que ocorra esse reconhecimento da sua importância, reforça-se a necessidade de conquistas para melhores condições de trabalho e do reconhecimento político e financeiro, por exemplo, a luta pelo piso salarial na enfermagem.
Estudo realizado com enfermeiras nas cinco regiões do país identificou problemas nas condições de trabalho que interferem na prática profissional das enfermeiras, com o aumento da carga de trabalho, tais como sobrecarga; excesso de demanda; déficits na estrutura física; disponibilidade de força de trabalho insuficiente; salários considerados insuficientes e jornada de trabalho excessiva. Soma-se a isso, outras dificuldades e desafios que as enfermeiras enfrentam são os vínculos empregatícios precários que levam a alta rotatividade de profissionais.
Ademais, estudo demonstrou que as características trabalhistas das enfermeiras refletem nas atitudes de apoio em relação às famílias influenciadas pelo modelo de unidade de trabalho, localização, oferta de capacitação profissional e tempo de atuação na APS. Neste sentido, é necessário considerar as grandes desigualdades, incluindo a de saúde, existentes no Brasil entre as regiões, estados e municípios de diversas tipologias.
Os municípios de tipologia urbana apresentam os maiores obstáculos e desafios para a melhoria de acesso e da redução das desigualdades na oferta de serviços. Além das diferenças quanto a recursos financeiros e composição de trabalho em relação às outras tipologias. Por isso, é fundamental abordar a complexidade do trabalho e da APS em realidades urbanas, tendo em vista toda complexidade destes territórios, do ponto de vista político, econômico e social. Além de violência, desigualdade, dificuldade de acesso aos serviços nas populações periféricas, historicamente com menores coberturas de APS quando comparado a municípios menores.
Dessa forma, o desenvolvimento de mais pesquisas voltadas para o conhecimento do perfil das enfermeiras, com ênfase na caracterização de aspectos trabalhistas, em diferentes cenários urbanos, para compreender as condições em que estão inseridas, como por exemplo, renda, carga horária, salário e vínculo trabalhista é de suma relevância na APS.
Com base no exposto, objetiva-se caracterizar os aspectos trabalhistas das enfermeiras Atenção Primária à Saúde nos municípios de tipologia urbana do estado da Bahia.
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