Neste 8 de Março, ONU alerta para o aumento de 17% na mortalidade materna na América Latina e Caribe.
Uma mulher morre a cada 2 minutos no parto ou por complicações da gravidez, segundo relatório Tendências da Mortalidade Materna, lançado pela ONU. O documento conjunto da Organização Mundial de Saúde, Banco Mundial, Unicef e Fundo de Populações da ONU (Unfpa) revela estagnação das mortes maternas na maior parte do mundo, interrompendo tendência de queda observada entre 2000 e 2015. Na América Latina e Caribe, as mortes maternas aumentaram 15% entre 2016 e 2020.
Neste 8 de Março, a mobilização das brasileiras tem o lema Pela vida das mulheres. “Nós, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nos somamos à luta pela Saúde da Mulher, contra o feminicídio e toda forma de violência, inclusive a desigualdade no mercado de trabalho”, afirma a presidente do Cofen, Betânia Santos. “As mulheres representam 85% das equipes de Enfermagem. Somos quase 2 milhões de brasileiras, sobrevivendo à inequidade e atuando para garantir a qualidade da assistência”.
O coordenador da Comissão Nacional de Saúde da Mulher (CNSM/Cofen), Herdy Alves, ressalta que a ampla maioria das mortes maternas são evitáveis. A atuação qualificada da Enfermagem obstétrica no pré-natal, parto e pós-parto é essencial para prevenir, identificar e garantir tratamento precoce de complicações.
“É preciso investir urgentemente no planejamento familiar e suprir a carência global de 900 mil parteiras para que cada mulher possa ter os cuidados necessários para salvar suas vidas. Temos as ferramentas, conhecimentos e recursos para acabar com as mortes maternas evitáveis”, afirmou Natalia Kanem, diretora executiva do UNFPA. O relatório aponta ainda profundas desigualdades no acesso ao pré-natal, dificultado pela pobreza, distância e insuficiência da rede de assistência.
95% das mortes maternas acontecem nos países em desenvolvimento. Pressão alta (pré-eclâmpsia e eclampsia), hemorragias graves (principalmente após o parto), infecções, complicações no parto e os abortos inseguros são as principais causas. A OPAS/OMS estima que até 92% poderiam ser evitadas.
A Lei 14.443/2022, que dispensa o consentimento do cônjuge para autorizar a laqueadura, em mulheres, e vasectomia, em homens, entrou em vigor nessa semana (5/3). “É um avanço. O planejamento reprodutivo tem impacto direto na mortalidade materna, na liberdade da mulher, na autonomia profissional. É fundamental, porém, que as mulheres tenham acesso a informação para tomar a melhor decisão, e que sejam ofertados também métodos reversíveis, como o Dispositivo Intrauterino”, ressalta Herdy Alves.