Efeito do Relaxamento Com Imagem Guiada na Ansiedade no Câncer Cervical

30 de outubro de 2023 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avalia o efeito do relaxamento com imagem guiada por realidade virtual na ansiedade em mulheres com câncer cervical submetidas à radioquimioterapia.


O câncer cervical (CC) ou de colo uterino é distinguível social e cientificamente, tratando-se de um tumor maligno que desafia a saúde global por ser a quarta causa de câncer em mulheres. O controle do CC está tragicamente associado às fragilidades nos diferentes níveis de atenção à saúde. Ações como a vacinação contra o papiloma vírus humano, o rastreamento, o tratamento das lesões precursoras e o diagnóstico precoce são estratégias globais para controlar a doença até 2030.

Foto: Internet.

Globalmente, em 2020, foram estimados 604.127 novos casos e 341.831 mortes. Dessas, mais de 90% ocorreram em países em desenvolvimento. No mesmo período, a incidência de 16.710 novos casos e 10.191 mortes ocupou o terceiro lugar como causa em mulheres brasileiras. O tratamento e o prognóstico do CC são baseados no estadiamento, nos quais podem ser indicadas intervenções cirúrgicas, radioquimioterapia concomitante e imunoterapia.

Esses tratamentos afetam a função sexual e podem reduzir a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) a curto e longo prazo. Além disso, podem resultar em disfunções hormonais, imunológicas, vesicais, urinárias, gastrintestinais, linfedema, dor, ansiedade (com prevalência variável de 20 a 65%), depressão, baixa autoestima, medo, distúrbios de imagem corporal, isolamento social e tensões conjugais, que estão entre os mais presentes no percurso terapêutico dessas mulheres.

A ansiedade e demais sofrimentos psicológicos são prevalentes nas sociedades modernas e nas mulheres acometidas pelo CC apresentam maior risco de mortalidade. Trata-se de um sentimento individual sobre um futuro incerto, uma emoção desagradável causada por pensamentos intrusivos. Resulta em comportamentos positivos ou não adaptativos, com disfunções físicas e mentais, que podem ser amenizados com intervenções das práticas integrativas, factíveis, sem efeitos colaterais, seja no tratamento ativo, nos cuidados paliativos e na sobrevivência.

Entre as práticas integrativas disponíveis, a terapia de relaxamento com imagem guiada é uma intervenção de baixo custo, segura e de simples aplicação. Para este estudo, foram utilizadas as terapias de relaxamento e imagem guiada, aplicadas com a realidade virtual. Fisiologicamente, o relaxamento atua na redução excitatória do sistema nervoso simpático e dos níveis de estresse, consequentemente, apresenta influência positiva na psiconeuroimunologia. A imagem guiada é uma prática integrativa mente-corpo que utiliza a visualização mental para promover respostas neurofisiológicas, com o objetivo de equilibrar e melhorar sintomas físicos e mentais. Quando é utilizada concomitantemente ao tratamento medicamentoso, ela poderá melhorar a QVRS, função imunológica, relaxamento muscular, dor, fadiga, dispneia, náusea, vômito, ansiedade, depressão e humor.

O relaxamento com imagem guiada (RIG) consiste em tensionar e movimentar diferentes grupos musculares através da respiração, de forma organizada, e a visualização de imagens da natureza desencadeia efeitos ansiolíticos, mas nem sempre é possível acessá-las em diversos contextos sociais. A realidade virtual (RV) pode servir como recurso associado ao RIG para facilitar a condução imersiva do participante em diferentes cenários, como forma de superar o acesso físico à natureza. Ela é uma tecnologia de simulação capaz de fornecer visualização 3D que promove uma experiência altamente realista e interativa em diferentes cenários; pode auxiliar no relaxamento e nas alterações de marcadores fisiológicos. Trata-se de uma intervenção viável que pode ser aplicada no ambiente clínico de pacientes oncológicos como adjunto não farmacológico eficaz.

Diante do exposto, o estudo justifica-se para a prática de enfermagem oncológica na proposição de intervenções eficazes e factíveis no cuidado de pacientes com câncer cervical. Outrossim, a incipiência de pesquisas para esta população vulnerável, que sofre com os sintomas ansiosos decorrentes da doença ou do tratamento, é esclarecida em pesquisas que fundamentam a proposição do RIG neste estudo.

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